Emily Titterington morreu depois de ter estado dois meses sem defecar. Sofrendo de uma distensão intestinal extrema que comprimia os restantes órgãos internos, acabou por sucumbir a um ataque cardíaco, numa noite em que uma equipa de emergência médica esteve duas vezes em sua casa.
Chamados uma primeira vez, os paramédicos encontraram a jovem com um aspecto “pálido” e com dores no tórax. Mas Emily recusou ser examinada ou levada para o hospital. A mesma equipa regressou às 4h da manhã. “Quando chegámos, o seu pai James estava à porta a gritar, a dizer que algo de muito errado se estava a passar”, recorda Lee Taylor, citado pelo Telegraph.
No interior da casa, os paramédicos encontraram novamente Emily. Agora estava no chão, à porta da casa de banho. “O seu abdómen estava extremamente dilatado. As costelas inferiores estavam mais saídas que a cintura. Fiquei chocado”, disse Taylor. Já não foi possível salvar a jovem.
“Nunca vi nada assim. Foi dramático”, contou também Amanda Jeffery, a médica responsável pela autópsia.
Esta história invulgar tem vários pormenores importantes que estão agora a ser investigados para apurar se tudo foi feito para evitar este desfecho trágico e bizarro. Em primeiro lugar, os problemas psicológicos de Emily. A adolescente sofria de uma forma ligeira de autismo, e recusava sistematicamente ser examinada por médicos. E tinha uma invulgar fobia de casas de banho, ficando frequentemente até dois meses sem defecar.
Emily tinha também problemas intestinais desde pequena, e a família tentou várias terapias para ajudar, mas sem sucesso.
Outra das pessoas interrogadas no âmbito do inquérito, a irmã Hannah Herbert, de 29 anos, confessou que não considerava que Emily vivesse num ambiente adequado, saudável e seguro, e que já tinha contactado os serviços sociais para expressar as suas dúvidas.
No entanto, o médico de família Alistair James disse não ter encontrado indícios de negligência enquanto acompanhou a adolescente.
A mãe, ouvida em tribunal, disse que a filha poderia ter sido salva se tivessem conseguido que um profissional de saúde tivesse construído um vínculo de confiança com a paciente.
A morte por obstipação intestinal é considerada extremamente rara.