A um churrasco nos arredores de Santiago seguiu-se uma visita ao casino, a cerca de 80 quilómetros da capital chilena, onde foi visto com a mulher a tentar a sua sorte ao jogo. Com o tempo contado para reintegrar às 23 horas o estágio da selecção na Copa América, Vidal teve de meter o pé no acelerador e acabou por chocar com outro veículo a 160 km/h. Despistou-se, capotou e só parou à beira de uma vala. O Ferrari que conduzia ficou desfeito.
Quando a Polícia chegou ao local, o médio da Juventus – que sofreu apenas ferimentos ligeiros, à semelhança da mulher – negou que fosse ele ao volante e tentou intimidar os agentes que o acusavam de ter provocado o embate. «Bati? Como assim? Deixem de dizer m… Vão prender-me? Então prendam. Mas vão prejudicar todo o Chile», disparou Vidal, filmado por curiosos.
Após ter sido observado numa unidade hospitalar, as autoridades submeteram-no a testes de alcoolemia, que confirmaram as suspeitas: 1,21 gramas de álcool por litro de sangue, bem acima do limite legal no Chile (0,8). Algemado de imediato, teve de passar a noite na esquadra. No dia seguinte um juiz apreendeu-lhe a carta e decretou-lhe ordem de apresentação periódica no consulado chileno em Milão, na Itália.
«Quero desculpar-me perante os meus colegas, a equipa técnica, os dirigentes e todo o país. Falhei a todos», lamentou em lágrimas o jogador, depois de ter sido libertado e já de regresso ao centro de estágio. A confissão não tardou: «Bebi duas bebidas e coloquei em risco a vida da minha mulher e de muitas pessoas. Estou arrependido».
Figura indiscutível no onze titular de Jorge Sampaoli, o melhor marcador da Copa América até ao momento, com três golos, foi perdoado. Mas o rótulo de jogador explosivo estende-se cada vez mais para fora dos relvados: este foi apenas o mais recente caso de indisciplina entre os muitos que fazem crescer a má fama.
Em 2007, depois da eliminação no Mundial de sub-20 aos pés da Argentina, Vidal juntou-se a outros jogadores chilenos em confrontos com a Polícia e iniciou o seu historial de detenções.
Quatro anos depois, estreou-se nos desvios do álcool. Antes de um jogo com o Uruguai, em Novembro de 2011, foi convidado a par de outros jogadores da selecção para o baptizado do filho de Jorge Valdivia. A festa, bem regada, descontrolou-se e acabou já madrugada fora. Acabaram por chegar todos atrasados à concentração, com a agravante de se apresentarem embriagados, o que lhes valeu 20 jogos de suspensão.
Vidal até foi dos primeiros a pedir desculpa e a ver o castigo reduzido a metade, mas o arrependimento durou pouco tempo. Cerca de ano e meio depois, em pleno estágio da equipa nacional, voltou a aparecer bêbedo num vídeo de uma modelo colombiana.
Mas os excessos não são exclusivos da selecção. Em Outubro de 2013 deixou-se levar pela euforia da qualificação para o Mundial-2014 e esqueceu-se de apanhar o voo de regresso a Itália. Antonio Conte, então técnico da Juventus, multou-o e deixou-o no banco de suplentes durante três jogos.
O castigo não serviu de emenda. Um ano depois voltou a ser sancionado pelos transalpinos por, na véspera do duelo com a Roma, ter sido encontrado a 'estagiar' numa discoteca até às 5h30 da manhã. A agressão a um cliente do espaço nocturno não ajudou a que passasse despercebido.
É já um cadastro assinalável para o médio de 28 anos, que assim desvaloriza não só a sua colecção de multas por excesso de velocidade como a cotação de mercado. O rasto de indiciplina abala-lhe de tal forma o prestígio que, diz o jornal Marca, Vidal foi riscado da lista de compras do Real Madrid. E, segundo o Independent, também desapareceu do lote de alvos do Manchester United.
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