FMI: Dinâmica da dívida grega é insustentável sem novas reformas

O FMI afirmou hoje que a dinâmica da dívida pública grega é insustentável e defendeu uma extensão das maturidades dos empréstimos europeus em conjunto com novas reformas para inverter essa tendência ou, se isso falhar, um corte da dívida.

"Em cima de uma já muito elevada dívida, as novas necessidades de financiamento tornam a dinâmica da dívida pública insustentável", afirma o Fundo Monetário Internacional (FMI), numa análise à sustentabilidade da dívida da Grécia que data de 26 de junho (dia do anúncio do referendo), mas que foi divulgada hoje.

Para a instituição liderada por Christine Lagarde, "para garantir que a dívida é sustentável, as políticas gregas vão ter de voltar ao caminho definido, mas também, pelo menos, as maturidades dos empréstimos europeus terão de ser estendidas significativamente", enquanto os novos financiamentos europeus, previstos para assegurar as necessidades de financiamento nos próximos anos, "terão de ser garantidos com base em termos concessionais semelhantes".

No entanto, alerta o FMI, se o "pacote de reformas em consideração for ainda mais enfraquecido — em particular através de uma redução das metas de excedentes orçamentais primários ou de reformas estruturais menos robustas — vão ser necessários cortes ['haircut'] na dívida".

A instituição sediada em Washington lembra que numa análise realizada em maio do ano passado, a dívida pública da Grécia "estava a regressar ao caminho da sustentabilidade, embora permanecesse altamente vulnerável a choques".

"No final do verão de 2014, com as taxas de juro a descer, parecia que não seria necessário um alívio da dívida ao abrigo do acordo de novembro de 2012. Mas várias alterações nas políticas desde então — além de um excedente orçamental primário e um esforço reformista mais fraco — estão a criar novas necessidades de financiamento", explica o FMI.

Estas necessidades, aponta a entidade no relatório, podem significar 50.000 milhões entre outubro de 2015 até ao final de 2018, requerendo "novo dinheiro europeu" de pelo menos 36.000 milhões durante esse período de três anos.

O relatório do Fundo foi divulgado numa altura em que os credores internacionais da Grécia decidiram adiar as negociações com o Governo grego para depois do resultado do referendo de domingo.

Os responsáveis pela análise lembram que depois da conclusão do documento, as autoridades gregas encerraram o setor bancário, impuseram um controlo de capitais (na segunda-feira) e não pagaram o reembolso de cerca de 1.500 milhões de euros devido até terça-feira passada, como previsto.

"Estes desenvolvimentos devem ter um impacto significativo e adverso na economia e nas finanças gregas que ainda não foi refletido nesta análise", salvaguardam.

Lusa/SOL