316 mil milhões de euros. Este é o ‘monstro’ da dívida grega, o equivalente a 180% da riqueza produzida no país, de longe a maior entre os países da União Europeia. Feitas as contas, cada grego tem já uma factura de quase 30 mil euros, um valor que deverá continuar a aumentar.
Após dois resgates e uma reestruturação da dívida em 2012 – em que os particulares aceitaram perdas entre os 59% e os 65% –, o Fundo Monetário Internacional (FMI) admitiu ontem um terceiro pacote de ajuda, uma reestruturação dos prazos dos empréstimos já concedidos e, em última instância, um alívio de dívida de grandes dimensões no caso de a economia de Atenas não crescer e de as reformas estruturais não serem introduzidas.
A análise preliminar do FMI à sustentabilidade da dívida grega é muito clara: a Grécia precisa de mais 50 mil milhões de euros até ao final de 2018, pelo que a Europa tem de emprestar pelo menos 36 mil milhões de euros.
Mas mesmo este novo financiamento poderá ser insuficiente. «A dívida pública permanecerá em níveis muito elevados ao longo de décadas e altamente vulnerável a choques».
A Grécia está, desde terça-feira, em atraso de pagamento para com a entidade liderada por Christine Lagarde, após ter falhado a liquidação de uma tranche de 1.600 milhões.
As atenções focam-se agora no dia 20 de Junho, data do pagamento de 3,5 mil milhões ao Banco Central Europeu (BCE). Se a Grécia falhar o pagamento, o BCE poderá passar ao Estado helénico a declaração de insolvente.
Pelo meio, o governo de Tsipras convocou um referendo para hoje que poderá condicionar o rumo das negociações, interrompidas à espera dos resultados da consulta popular.
O PIB da Grécia recuou cerca de 25% nos últimos seis anos, mais de 50% dos jovens não têm emprego e o número de pensionistas e crianças a viverem no limiar da pobreza disparou.