Leonor Medeiros, Daniel da Costa Rodrigues e Eduardo Jorge Redondo sagraram-se campeões nacionais de Segundas e Terceiras Categorias no regresso do torneio ao Bom Sucesso Golf Resort. A Federação Portuguesa de Golfe tinha organizado este Campeonato Nacional no competitivo percurso de Óbidos em 2010 e 2011 e o campo foi reaberto há pouco tempo sob nova gestão, justificando-se nova visita.
Um total de 73 jogadores e 3 jogadoras participaram na prova e, não sendo um recorde, é um número positivo no sector masculino, enquanto no feminino houve um decréscimo acentuado face às 10 competidoras do ano passado no Ribagolfe. Tal como, em 2013 e 2014, só houve um torneio feminino, neste caso o de Terceiras Categorias, por falta de um mínimo de três jogadoras nas Segundas.
Este Campeonato Nacional para jogadores com handicap entre 4,5 e 18,4 EGA (com o limite das Segundas nos 11,4) tem proporcionado muitos desfechos em play-off. Foi assim no ano passado nos dois eventos de Segundas Categorias e há dois anos na Quinta do Peru nas Terceiras Categorias. Este ano voltou a haver um play-off para decidir o título de Terceiras Categorias, com Eduardo Jorge Redondo, do Belas Clube de Campo, a bater Pedro Batista, do Royal Óbidos Spa & Golf Resort, depois de terem empatado aos 36 buracos com 177 pancadas, 33 acima do Par.
Eduardo Jorge Redondo tinha-se colocado na frente aos 18 buracos, com 85 pancadas, mas depois, uma segunda volta de 92 permitiu a recuperação de Pedro Batista, que era apenas o 7º no final do primeiro dia, com 91 pancadas, mas que na segunda jornada arrancou o segundo melhor cartão do torneio, de 86. Marcos Takata, também de Belas, que era o 2º no final do primeiro dia, a apenas 1 pancada do líder, terminou em 3º (+36), a 3 pancadas do play-off. Eduardo Jorge Redondo rendeu, assim, Miguel Ferreira, que há um ano tinha ganho no Ribagolfe com 18 acima do Par. O mais curioso é que nenhum dos jogadores que foram a play-off acreditou, ao terminar o 36º buraco, que poderia discutir o título. «Estávamos no parque de estacionamento para irmos embora quando foram chamar-nos para irmos jogar o play-off no buraco 9», explicou o campeão ao Gabinete de Imprensa da FPG.
Uma reação algo estranha de Eduardo Jorge Redondo, de handicap 14,5, por ter sido ele a partir para o último dia na liderança. «Foi um segundo dia negativo – explicou – porque não consegui “patar” e o jogo curto que tinha estado tão bom no primeiro dia tinha-se ido embora. No primeiro dia joguei muitíssimo bem nos primeiros nove buracos, nos segundos nove não estive tão bem, mas foi uma volta positiva porque acabei com 3 abaixo do Par para o meu handicap. Já no segundo dia fiquei com 6 acima! O Pedro (Batista), apesar de tudo, teve dois dias mais homogéneos».
Na “morte súbita” a história foi a seguinte: «Tivemos ambos boas saídas, mas ele ficou melhor, no fairway, e eu no rough, mas mais ou menos à mesma distância, a 60 ou 70 metros da bandeira. Talvez isso me tenha beneficiado porque fui o primeiro a jogar e deixei a bola a uns 3 metros da bandeira. Não sei se isso lhe colocou alguma pressão adicional mas o chip dele foi um “sapo” e não chegou ao green. Apesar de eu poder ter tentado um birdie, decidi não arriscar e fiz um putt mais conservador para fechar em 4 pancadas e ganhei o play-off».
Eduardo Jorge Redondo não foi para o torneio para ganhar: «Não tinha considerado a hipótese de vitória devido ao segundo dia e não era esse o meu objectivo. Confesso que era mais limpar a honra do convento porque no segundo dia do Campeonato Nacional de Mid-Amateurs, no Ribagolfe, fiz 15 pancadas num único buraco e fui o último». O objectivo era «jogar tão bem quanto possível» e saiu satisfeito por «o handicap ter sido actualizado, que é o que qualquer bom jogador quer», mas sempre admitindo que é uma sensação especial, «um motivo de satisfação, por ser um torneio com o selo da FPG e por ser o título de maior relevo» que já conquistou.
O jogador de Belas já foi felicitado nas últimas 24 horas por «amigos e sócios do clube», mas acrescenta logo que «não é motivo especial para celebrar», na medida em que, tendo 44 anos, sentiu «uma certa humildade» ao receber o troféu «ao lado de campeões de Segundas Categorias de 12 anos». Com efeito, o torneio deste ano acentuou a tendência do ano passado de a vitória sorrir a jovens que claramente se encontram num percurso ascensional nas suas carreiras amadoras. Se há um ano venceram Joana Silveira e António Teixeira, na altura ambos de 14 anos, desta feita triunfaram os ainda mais jovens Leonor Medeiros (hcp 11,6) e Daniel da Costa Rodrigues (hcp 7), respectivamente com 170 pancadas, 26 acima do Par, e 153 (+9). Não são recordes na história do torneio, dado que Tiago Costa venceu as Segundas Categorias há dois anos, na Quinta do Peru, com um resultado sensacional de 1 pancada abaixo do Par e Berenice Nunes Pedro também esteve muito bem com as suas 3 acima do Par.
Mas em campos diferentes, em condições de jogo distintas, é sempre difícil comparar. Em contrapartida, na última vez que o torneio se realizou no Bom Sucesso, em 2011, Madalena Passô Ribeiro impôs-se com +22 e Marco Santos com +17.Por outro lado, é de reforçar a ideia de que os novos campeões nacionais são, realmente, muito novos. Leonor Medeiros, campeã nacional de sub-12 em 2014, integra ainda esse escalão este ano. Aliás, é a 8ª no I Ranking Nacional Drive BPI de sub-12, e neste Nacional de Terceiras liderou o torneio do início ao fim. No primeiro dia fez 87 pancadas, ficando na altura com 9 de vantagem sobre a sua companheira do Quinta do Peru Golf & Country Club, Filipa Capelo. Na segunda volta, Leonor Medeiros dilatou a sua superioridade para 17 ‘shots’, depois de protagonizar a melhor volta da prova, em 83. O 3º e último lugar foi para Lurdes Serpa, do Clube de Golfe da Beloura do Pestana Golf Resort, com 193 (+49), a 23 da campeã. «É um torneio com importância e é bom ser campeã nacional de Terceiras Categorias, mas também vim para este torneio a pensar que seria um bom treino para o Campeonato Nacional de Jovens da próxima semana», disse a jogadora da Quinta do Peru. Como de costume, preparou-se bem com a sua treinadora, Cláudia Dantas, numa «semana intensiva na Quinta do Peru» que a deixou «com o jogo mais sólido, mais consistente e mais confiante».
Tendo em conta que, de acordo com o director-técnico nacional, João Coutinho, «as condições de jogo de ambos os dias foram semelhantes, com temperaturas de 17, 18 graus e as bandeiras mais ou menos equiparáveis», a diferença exibicional de Leonor Medeiros – muito melhor na segunda volta – ficou a dever-se ao putt: «Desconhecia o campo e também no segundo dia fiz muito menos putts, fiz menos 10 putts. No primeiro dia até tinha jogado bem do tee ao green. No segundo dia foi um pouco ao contrário».
Daniel da Costa Rodrigues também esteve melhor na segunda volta, igualmente por ir conhecendo melhor o campo do Bom Sucesso. «Fui com o objetivo de tentar ganhar o torneio, mas sabia que seria difícil. Só que, depois da volta de treino e da primeira volta do torneio comecei a acreditar que seria possível», disse o jogador de Miramar, que tinha sido 3º no Campeonato Nacional de sub-12 em 2014 e que este ano já tem competido nos sub-14, sendo o nº8 no Ranking Nacional Drive BPI desse escalão. Tal como Leonor, Daniel é um jovem que manifesta uma enorme ambição competitiva e uma boa capacidade de concentração no campo. O jogador do Clube de Golfe de Miramar assinou dois dos quatro melhores cartões do torneio, com 78 e 75 pancadas, mas não era ele o líder aos 18 buracos. Esse posto foi ocupado por Salvador Brehm, do Club de Golf do Estoril, com 77, mas depois saiu da corrida com uma segunda volta de 86.
Ter iniciado a segunda volta a 1 pancada da liderança «não perturbou», mas reconhece que «não correu nada bem o início da segunda volta». Só que depois «houve uma reviravolta com o birdie no buraco 5, com mais birdies a virem nos buracos 8, 11 e 16». Daniel da Costa Rodrigues, que estava em 2º, assegurou o título com o melhor resultado do torneio, enquanto em 2º ficou Tiago Nunes, do VerdeGolf Country Club (+12), a 3 pancadas do campeão. O açoriano teve uma boa segunda volta de 76.
Recorde-se que há dois anos Tiago Nunes perdeu o troféu das Terceiras Categorias num play-off com Luís Spínola. É o seu segundo vice-campeonato em três anos. O 3º lugar foi para Tiago Machado Mendes (+16), a 7 pancadas do campeão. O jogador do Lisbon Sports Club que também veio de trás, pois era 7º aos 18 buracos com 80, o mesmo resultado do seu segundo dia. Martim Batista, de Royal Óbidos, também fechou com +16 e o desempate para cair ao 4º posto fez-se pelos últimos 9 buracos.
«Este ano, depois disto, vou mais motivado para o Campeonato Nacional de Jovens», disse Daniel da Costa Rodrigues, que foi vice-campeão nacional de sub-12 de 2012, ano em que perdeu o título no Montado para o britânico Calvin Holmes. Para o seu treinador, Nelson Ribeiro, o mais importante nesta vitória poderá ser «o facto de o Daniel reconhecer que trabalhando na direção certa podem atingir-se os objetivos. Este era um objetivo que ele tinha traçado e trabalhou para ele. O Daniel é um jovem extremamente focado e trabalhador, que gosta de acompanhar os jogadores mais velhos». O treinador de Miramar – que este ano também passou a integrar a equipa técnica da FPG – fez, no entanto, questão de frisar que «o Daniel começou a jogar no CityGolf (João Beires fora o seu treinador anterior), está agora connosco no seu segundo ano, era um jogador que já tinha sido vice-campeão nacional de jovens e que se evidenciava no pitch & putt. Temos vindo a fazer com ele um trabalho de conversão para o golfe tradicional, tendo feito há pouco tempo 13 anos».
Os principais resultados foram os seguintes:
Campeonato Nacional de Segundas Categorias Feminino
1ª Leonor Medeiros (Quinta do Peru), 170 (97+83), +26
2ª Filipa Capelo (Quinta do Peru), 187 (96+91), +43
3ª Lurdes Serpa (Beloura), 193 (97+96), +49
Campeonato Nacional de Segundas Categorias Masculino
1º Daniel da Costa Rodrigues (Miramar), 153 (78+75), +9
2º Tiago Nunes (VerdeGolf), 156 (80+76), +12
3º Tiago Machado Mendes (Lisbon), 160 (80+80), +16
Artigo escrito por Hugo Ribeiro, ao abrigo da parceria entre a Federação Portuguesa de Golfe com o Semanário SOL.