O argentino Jorge Bergoglio – o primeiro papa latino-americano – fez uma acesa defesa da necessidade de pagamento da "dívida social" às famílias, ao dirigir-se às mais de 600.000 pessoas concentradas num parque em Guayaquil, a maior cidade do Equador.
Um mar de católicos, muitos de países vizinhos, tirou fotografias ao papa ou à imagem da virgem Maria no parque Los Samanes, enquanto aquele acenava do seu papa-móvel, antes de oficiar a missa.
Bombeiros borrifavam a multidão com água para a refrescar do calor, e muitos fiéis abrigavam-se do sol com chapéus-de-chuva. Muitos tinham passado ali a noite antes do evento.
As autoridades tinham previsto uma multidão de mais de um milhão de pessoas no segundo dia da visita do papa à região, que também incluirá paragens na Bolívia e no Paraguai.
"A família representa um grande património social que outras instituições não podem substituir. Ela deve ser ajudada e fortalecida", sustentou Francisco, que dedicou a sua homilia ao que a Igreja classifica como os males das famílias modernas.
A família será um dos temas em debate no Vaticano em outubro, durante o sínodo dos bispos, numa altura em que a Igreja se confronta com questões difíceis como as famílias monoparentais, o divórcio e o casamento homossexual.
A pobreza será também outro dos grandes temas da visita do "papa dos pobres", como lhe chamam, durante a sua viagem pela América do Sul.
Outra multidão de fiéis é esperada na segunda missa papal no Equador, na terça-feira, no parque Bicentenário da capital, Quito.
Esta é a primeira visita de um papa ao Equador em três décadas.
Rosa Elena Lata, de 82 anos, viajou 16 horas, desde o sul do país, para tentar aquilo a que chamou "o milagre celestial" de ver o papa, "porque vê-lo será como ver Jesus".
Irma Guaita, de 49 anos, protege a cabeça do sol com um pedaço de cartão e afirma: "O sol não importa, porque Deus me deu a oportunidade de o ver".
Antes da missa, Francisco, o primeiro papa jesuíta, visitou o santuário da Divina Piedade, nos arredores da cidade, onde abençoou cerca de 2.000 pessoas, incluindo um grupo de fiéis com deficiência.
A visita papal coincide com um período de tensão política no Equador, com o Presidente, Rafael Correa, enfrentando crescentes apelos para que se demita, em algumas das maiores manifestações antigovernamentais vistas no país nos últimos anos.
Lusa/SOL