Tsakalotos é o adulto escolhido por Tsipras

Euclid Tsakalotos , que já em Abril tinha sido nomeado como líder da equipa negociadora do Governo grego junto dos credores, foi agora escolhido por Alexis Tsipras para suceder a Yanis Varoufakis no Ministério das Finanças. Toma posse às 18 horas desta segunda-feira e amanhã deve estrear-se no Eurogrupo em Bruxelas.

A nomeação surge depois do anúncio da saída de Varoufakis, justificada pelo próprio com a “preferência” dos restantes ministros europeus das Finanças, com quem manteve uma relação tumultuosa desde que o Governo do Syriza foi eleito em Janeiro. Em Junho, no sprint final das negociações que tentavam evitar que Atenas entrasse em incumprimento no primeiro dia de Julho, a líder do FMI Christine Lagarde disse em conferência de imprensa no final de um Eurogrupo que “a principal urgência é retomar o diálogo com adultos na sala”. 

O homem que Varoufakis  considerou “um grande amigo” quando foi escolhido para negociar em Abril é, ao contrário do seu antecessor, um militante do Syriza e com mais de dez anos de filiação. E é também membro do parlamento helénico desde 2012. Antes da chegada de Varoufakis, Tsakalotos era considerado o homem forte da política económica do partido de extrema-esquerda.  

Tal como o antecessor, Euclid Tsakalotos tem um vasto currículo académico. Formado em Oxford, Reino Unido, já foi professor de economia em faculdade de Atenas e Kent, segundo avança o Daily Telegraph.

Num livro editado em 2012, Caldeirão de Resistência: Grécia, a Zona Euro e a Crise Económica Mundial, o novo ministro das Finanças considerava que a crise grega representava mais uma “crise democrática” do que “económica”. 

Mas embora se diga um defensor da manutenção da Grécia no euro, ao contrário de muitos outros pesos pesados do Syriza, Tsakalotos não deixa de ser um economista marxista com esperança de ver uma Europa renovada pelos emergentes movimentos de esquerda. Em recente visita à Irlanda, o novo ministro grego disse que “o Syriza e o Sinn Fein, tal como o Podemos, estão a realinhar a política europeia”, defendeu Tsakalotos antes de considerar os irlandeses uns “bravos sulistas” que lutam por uma união mais igualitária.

nuno.e.lima@sol.pt