Vou chegar ao European Tour. Entrevista a João Carlota

Natural de Faro, mas residente em Vilamoura desde sempre, João Carlota é, aos 24 anos, o mais jovem profissional do golfe português.

Em Novembro do ano passado, depois de se ter sagrado Vice-Campeão Nacional e com o título de número 1 do Ranking Nacional Amadora debaixo do braço, decidiu passar a profissional.

Um sonho que persegue desde muito jovem e que o fez interromper o curso universitário na Irlanda.
Um mês depois da passagem a ‘pro’, Carlota recebia o primeiro cheque, e logo com uma vitória no Carvoeiro Cup, prova do calendário do PGA Portugal Tour.

Para trás fica um palmarés amador recheado, com vitórias e bons resultados nacionais e internacionais, tanto individuais como colectivos, pois foi um dos ‘pilares’ do Clube de Golfe de Vilamoura que se sagrou campeão e vice-campeão europeu de clubes.

O objectivo, explica, é para já rentabilizar 2015 para conseguir jogar o Challenge Tour do próximo ano. O objectivo último é, claro, o European Tour.

 

A primeira época completa como profissional. Quais as perspectivas?

As perspectivas são um bocadinho relativas. É tudo muito recente. Comecei a trabalhar há pouco tempo com a Portugal Team e tudo isto é novo para mim. Uma coisa estou certo. Este vai ser um ano bom para mim. Sei que tenho qualidades para singrar no golfe, e o trabalho que tenho feito até aqui, e agora integrado no Portugal Team tenho todas as condições para obter os melhores resultados possíveis e cumprir os meus objectivos.

Que são?…
Para já, é aproveitar os convites (sete) que tenho para o Challenge Tour e rentabilizá-los ao máximo, de forma a obter uma categoria que me permite jogar em 2016 o Challenge Tour completo. Este é o caminho que tracei para conseguir alcançar o meu grande objectivo, que passa por jogar, mais ano menos ano, no European Tour.

Como foi a passagem de amador para profissional?
Sou profissional há oito meses, passei em Novembro do ano passado. É completamente diferente. Existem situações que nós, enquanto amadores, não visualizamos, mas como profissionais olhamos para elas com mais maturidade. Em todos os aspectos do jogo, táctico, técnico… Temos mais responsabilidades também. É a nossa profissão. O nosso trabalho. É isto que fazemos a tempo inteiro – como amador eu trabalhava como assistente de green-keeper no Oceanico -, e por isso temos que encarar o jogo com mais seriedade.

Sente-se mais pressão?
Já me perguntaram isso, mas não. Não sinto. É diferente, mas não pela pressão. Por exemplo, a minha estreia como profissional no Challenge Tour foi na Madeira (o torneio acabou por ser anulado devido ao mau tempo e reagendado para o final de Julho), e muitos me perguntaram se eu encarava o torneio de uma forma diferente. Mas não. Tinha a minha estratégia montada, e ia cumpri-la. É preciso ter paciência e jogar o melhor possível.

A estreia acabou por ser no Barclays Kenya Open.
Sim, foi muito positiva. Pela experiência e pela forma como joguei, principalmente nos primeiros dois dias. A última volta simplesmente não correu da maneira que esperava, mas regressei a Portugal de cabeça erguida, apesar do ‘modesto’ 41.º com um resultado de -3. Agora é voltar a trabalhar para analisar o que correu menos bem para a próxima melhorar. Estou a fazer o que gosto, o que sempre quis. Ser profissional de golfe.

Esse sonho começou bem cedo.
Sim. Comecei a jogar golfe ainda muito novo. A minha mãe sempre trabalhou em campos de golfe, em Vilamoura, e foi por aí que eu comecei a jogar. O meu pai trabalha na hotelaria e tem também uma ligação ao golfe, e por isso tudo se conjugou.

Esse sonho começou bem cedo.
Dois seis aos 10 não tinha bem isso presente. Gostava de jogar muito futebol, e até tinha muito jeito e o meu avô, fanático do Sporting, puxava muito para lá. Mas a dada altura passou a ser difícil conciliar as duas modalidades devido aos treinos coincidirem, e quando isso aconteceu eu já estava muito, muito entusiasmado com o golfe e foi fácil optar. A minha evolução foi sempre ascendente e constante e os resultados foram aparecendo, e quando fui para a Irlanda estudar – apesar de não ter conseguido conciliar da melhor forma os estudos com o golfe – eu já sabia que queria ser profissional. Aprendi muito lá, principalmente a jogar em condições de tempo adversas.

Quando regressaste era para ser profissional.
Sim. ‘Congelei’ o curso – faltam-me algumas cadeiras para concluir, o que posso fazer em qualquer altura – e regressei com esse objectivo. Estive quatros anos como amador e em Novembro do ano passado, penso que na altura certa, passei a profissional. Neste percurso tenho tido a sorte de ter o apoio incondicional dos meus pais, a quem eu procuro conselhos, e que me têm ajudado neste processo de transição. Quando falei com eles, a resposta foi simples: É uma nova fase para ti, mas se tu acreditas e queres, conta connosco para ajudar.

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Artigo escrito por Márcio Berenguer ao abrigo da parceria entre a Revista GOLFE Portugal & Islands com o Jornal SOL.