Padarias portuguesas low cost abrem primeira loja em Espanha

A cadeia de padarias “Low-Cost.Come”, que em três anos criou no país 35 estabelecimentos e mais de 400 empregos, abre em setembro a primeira loja em Espanha, após uma injeção de capital por João Champalimaud e Pedro Passanha.

Paulo Costa, o fundador da marca fundada em 2011 em Oliveira de Azeméis, revelou hoje que a parceria com os esses dois investidores surgiu na sequência da sua participação no programa televisivo "Shark Tank": "Eu pedi aos ‘tubarões' 350.000 euros para arrancar com a rede em Espanha, em troca de 25% da Low-Cost.Come Internacional, mas eles só aceitavam investir se pudessem ficar com parte da rede portuguesa e eu não aceitei".

No dia seguinte à emissão do programa na SIC, o empresário foi contactado pelos investidores João Champalimaud e Pedro Passanha, que "cobriram logo a proposta e alargaram a sua participação a âmbito mundial".

"Acreditamos verdadeiramente no potencial de expansão desta marca e neste modelo de negócio", declarou João Champalimaud à Lusa. "Aquilo que foi feito em Portugal com a Low-Cost.Come nos últimos três anos e pouco, com a conjuntura existente, tem muito mérito", realça.

Quanto à escolha do mercado espanhol como primeiro destino internacional da marca, Pedro Passanha explica: "Os hábitos e costumes dos nossos ‘vizinhos' estão em perfeita sintonia com aquilo que é o nosso conceito. Não temos dúvidas de que tanto a padaria como a pastelaria portuguesas são cobiçadas pelo povo espanhol".

O investidor defende, aliás, que, apesar de o sucesso expresso na rápida expansão dos franchisados portugueses estabelecer para a marca uma "bitola alta", em Espanha "a explosão será ainda maior".

Paulo Costa anuncia assim para setembro a abertura de uma primeira pastelaria em Madrid, que funcionará como "loja-piloto" para "avaliar a adaptação dos espanhóis ao conceito".

O que já está definido é que os preços aí praticados serão mais caros. "Não há outra hipótese, porque lá os salários e o aluguer das lojas custam mais do dobro do que em Portugal", nota o diretor da marca. "Mesmo assim, a ideia é vender sempre tudo 40% abaixo do preço da concorrência", propõe.

Uma vez em funcionamento a padaria de teste, João Champalimaud pretende depois "afinar o que for necessário" e seguir para Barcelona. "A curto prazo, queremos abrir três a quatro lojas próprias e criar 35 postos de trabalho diretos; posteriormente, iniciaremos o modelo de franchising", revela.

O objetivo é chegar ao final de 2016 com a marca "consolidada em Espanha e afirmada como líder em Portugal", o que, por essa altura, deverá envolver "uma faturação global na ordem dos 22 milhões de euros".

Se entretanto a Grécia sair da Zona Euro, o cenário já foi considerado. "Por sermos ainda muito dependentes da Europa enquanto marca, estamos mais 'sensíveis' a situações como esta", admite Pedro Passanha.

"Mas estamos habituados a correr riscos e acreditamos que, se não os corrermos, nunca conseguiremos criar projetos de alguma dimensão, pelo que aquilo que fazemos é tentar mitigá-los ao máximo, sem deixar que a expansão da marca seja prejudicada por isso", conclui.

O lançamento da Low-Cost.Come deu-se em setembro de 2011, com a abertura da primeira padaria de baixo custo em Oliveira de Azeméis. Menos de um ano depois a marca arrancava com o modelo de franchising e no final de 2014 tinha já uma cadeia de 31 lojas por todo o país, a que se juntaram mais quatro no primeiro semestre de 2015.

Todos esses estabelecimentos têm fabrico próprio e funcionam em regime de self-service com louça descartável, sendo que as 35 pastelarias da rede servem globalmente "um milhão de clientes por mês".

Lusa/SOL