Numa entrevista hoje publicada pelo semanário "Der Spiegel", o governante admitiu que “faz parte da democracia ter, de vez em quando, opiniões diferentes” e lembrou que em política ninguém pode obrigar os outros a tomarem decisões que são da competência do cargo que exercem.
“Cada um tem o seu papel. Ângela Merkel é chanceler, eu sou ministro das Finanças. Os políticos têm a responsabilidade do seu cargo. Nada os pode forçar. Se alguém tentasse isso, eu poderia pensar em pedir a demissão”, salientou.
Schäuble assegura que a chanceler alemã “pode confiar” nele e que “não tem de se preocupar” pelo facto de a chefe do Governo alemão e ele terem algumas divergências.
O ministro alemão destacou-se nas últimas semanas por representar a ala mais dura dos elementos da zona euro nas negociações com a Grécia, ao propor uma “saída temporária” do país do euro.
Se entre os gregos o ministro é mal visto e responsabilizado pela situação a que chegou a Grécia, na Alemanha Schäuble disfruta de grande popularidade, que o coloca acima de Merkel.
“Nunca dissemos que a Grécia deveria sair da zona euro. Só propusemos a possibilidade de que Atenas pudesse, ela mesma, optar por este caminho temporário”.
Schäublel referiu ainda que a “grande questão”, neste momento, é saber se o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, realizará o programa de reformas e ajustamentos acordados em troca do terceiro programa de resgate de 86.000 milhões de euros.
“Tsipras rejeitou anteriormente um programa similar e depois apostou no ‘Não’ no referendo e obteve uma grande maioria dos votos. Agora quer defender o contrário do que defendeu. Podemos ter dúvidas”, salientou.
Não obstante, Schäuble dá a Tsipras um voto de confiança: “Eu confio agora nas afirmações de Tsipras. É o que exige a justiça. Ele assegurou que vai por em prática o programa, apesar de dizer que não acredita nele. Vamos a ver”.
Schäuble disse também na entrevista que “tentou ajudar o país mais débil” ao longo das negociações.
Lusa/SOL