Tsipras, o pantomineiro

Não foi um acordo, foi uma capitulação. Pura e dura. Uma semana depois de ter levado o povo grego ao engano, a votar num referendo inútil, o antes radical Tsipras claudicava em toda a linha e aceitava, uma por uma, as imposições dos credores e dos países do Eurogrupo. Tsipras, o trapaceiro, actuou como se…

Face a este cenário de miséria, a esquerda radical portuguesa persiste num discurso surrealista e meio desmiolado. «Houve uma cimeira que foi um verdadeiro golpe de Estado. Ou seja, a democracia foi completamente varrida do mapa, pondo em causa a sobrevivência da própria UE», assim delira Catarina Martins. E, com ela, o BE em peso (e ainda em estado de choque). A democracia foi varrida?! Não. Impôs-se com a naturalidade de qualquer decisão ou votação democrática. Como era óbvio, não se podia sobrepor a democracia do voto num referendo de 11 milhões de gregos às outras 18 democracias dos restantes 315 milhões de cidadãos da Zona Euro. Tsipras já o tinha percebido, muito antes de convocar o inútil referendo do dia 5. Catarina Martins, pelos vistos, ainda não percebeu.

António Costa veio, entretanto, considerar, com alguma leviandade e bastante primarismo político, que «a expulsão da Grécia da Zona Euro era o fim do euro». Ora, há estudos do BCE e da banca europeia que desdizem tal exagero. Não, não era o fim do euro. Ou, melhor, não será. Porque tem tudo para correr mal e acabar pior este acordo – do qual o próprio Tsipras diz ser «um texto que assinei mas em que não acredito» (!). Empurrando mesmo a Grécia para fora da Zona Euro. Nesse dia, Costa irá perceber que continua a pagar as suas contas em euros.

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