Amélia Reis, antiga ama dos sobrinhos de Ricardo Salgado, disse que a solução comercial do Novo Banco, que prevê um reembolso do dinheiro investido no ex-BES ao longo dos próximos seis anos, é "mais uma mentira" e uma "forma de pressão".
"Eles estão a dizer às pessoas: É isto ou nada! Isso não se faz. É pressão que estão a fazer às pessoas que estão cansadas e que estão a ir de férias. Isso não se faz. Nós temos de ter um tempo de reflexão para assinar seja lá o que for. Tem sido só mentiras até agora", declarou por telefone à Lusa.
A porta-voz do Movimento dos Emigrantes Lesados do ex-BES, que organizou dois protestos em Paris a 30 de maio e 27 de junho, afirmou que se mantêm as manifestações de 10 de agosto em Lisboa, de 26 de setembro em Paris e, depois, todos os últimos sábados a partir de outubro na capital francesa, "a não ser que haja um milagre antes", especificando que a proposta que está a ser apresentada aos clientes emigrantes "não é milagre nenhum, só é pior".
"Para já fazemos a manifestação em Lisboa e depois ninguém vai assinar. Estamos a avisar toda a gente por telefone. Representamos 300 e tal pessoas que participaram na manifestação [de 27 de junho em Paris] e outras que se juntaram a nós depois", apontando que gostaria de saber "como é que se pode controlar que houve 50% de assinaturas" em referência à maioria de clientes necessária para validar a solução comercial do Novo Banco.
O Novo Banco começou a apresentar aos emigrantes a solução comercial para reaver o dinheiro investido nos produtos Poupança Plus, Top Renda e EuroAforro e precisa da aprovação da maioria dos cerca de sete mil clientes para avançar com a solução, disse à Lusa fonte do banco.
"Querem-nos fazer assinar obrigações e depois o dinheiro fica lá bloqueado. Eu há três anos que não tenho juros, já perdi três anos de juros e agora o dinheiro tem que lá ficar mais seis anos bloqueado. Fico sem o dinheiro na mesma. Eu preciso dele agora", reagiu a representante do Movimento de Emigrantes Lesados do BES, comparando as obrigações a "produtos tóxicos".
A solução comercial, avançada hoje pelo Jornal de Negócios, prevê um reembolso ao longo dos próximos seis anos através da entrega aos clientes de obrigações seniores do Novo Banco e da criação de dois depósitos a prazo remunerados em nome dos emigrantes.
Lusa/SOL