Esta segunda-feira, porém, Maria José Colimão, de 66 anos, percebeu que houvera uma troca: Na campa da sua filha estava o corpo de outra pessoa, não-reclamado. No total, segundo o Jornal de Notícias, serão quatro os corpos trocados naquele cemitério desde 2008.
A Maria José foi uma vizinha, Betina Silva, quem deu a notícia. Betina percebeu a confusão ao pedir o levantamento das ossadas da mãe, falecida na mesma altura que Mónica Alexandra – depois de lhe entregarem o corpo de um homem em vez do correcto. Betina ligou-lhe na passada segunda-feira, garantindo ter reconhecido no cemitério, durante o levantamento das ossadas que exigiu à Junta de Freguesia da Póvoa de Santa Iria e do Forte da Casa no dia 13 de Julho, para procurar o corpo da sua mãe, o caixão de zinco em que Mónica fora transportada de Espanha.
Maria José dirigiu-se então, acompanhada do genro, Pedro Silva, à Junta de Freguesia, para serem recebidos pelo presidente da mesma, Jorge Ribeiro. “Após duas horas de espera, o presidente admitiu ter havido um ‘desalinhamento’”, contou ao SOL Pedro, cunhado de Mónica.
A sepultura onde a família acreditara estar o corpo de Mónica, cujo corpo ainda estará parcialmente intacto devido aos tratamentos de quimioterapia que realizou, foi ontem reaberta, pelas 10h da manhã, para proceder ao reconhecimento do corpo e revelar a sua identidade. As suspeitas da família confirmaram-se: «Era o corpo da Xana [Mónica]», assegura Pedro Silva.
A confusão entre as sepulturas terá acontecido em 2008, oito anos após vários enterros – quando as sepulturas foram abertas para transladação das ossadas. Como os cadáveres ainda estavam em decomposição, o processo foi adiado. Terá sido na reposição dos restos mortais que as placas de identificação foram trocadas.
O cunhado de Mónica, Pedro Silva, garante agora que a família irá avançar com um processo judicialcontra a Junta da Póvoa de Santa Iria. O valor pago em emolumentos, quando a família avançou com a cremação das ossadas, levadas para o jazigo da família a 10 de Julho último, foi hoje restituído à família.
Pedro Silva assegura ainda que o presidente, Jorge Ribeiro, já teria conhecimento “da história desde o dia 13 de Julho” – quando a vizinha Betina pediu o levantamento das ossadas da mãe – e reserva-se o "direito de pensar" que terá havido uma tentativa por parte da autarquia de tentar “sonegar o caso”.
“Também na morte há que haver respeito e dignidade”, conclui, explicando que o caixão com os restos de Mónica tem, finalmente, uma lápide.
Ao SOL, o presidente da Junta de Freguesia, Jorge Ribeiro, disse que “o assunto já foi devidamente esclarecido” com a família de Mónica e garantiu que a autarquia abriu um inquérito disciplinar interno para apurar responsabilidades no caso.