“Fazer com que as pessoas se sintam felizes na terra onde vivem” foi o mote para o festival, explica Alexandre Rosas, o vereador da cultura. No sábado aconteceu um dia de espetáculos, que incluiu performance, teatro, dança, música, instalações artísticas e oficinas. Salvador Malheiro, presidente da Câmara, admite que ainda “há muito para fazer” mas considera este tipo de iniciativas essenciais “para a dinamização cultural”, e também “como forma de dinamizar a economia e de atrair novos públicos”.
“No percurso dos grupos e artistas é muito importante este tipo de encontros e experiências” corrobora o grupo Circolando. “´É uma recompensa enorme poder atuar para imensa gente”.
Hugo Silva pensa de maneira diferente. Com hora marcada para as 16h30, o músico ‘Hugo pé descalço’ não compareceu no FESTA, o que justificou com a falta de apoio monetário da Câmara. “Pedi que me financiassem as refeições e o transporte e responderam que não”. O festival teve um orçamento de 70 mil euros, mas os artistas não foram pagos. “Não fazemos o pagamento em dinheiro mas damos todas as condições necessárias, como o palco, som ou luz” explicou Alexandre Rosas.
Fora da polémica e de roteiro na mão, cada pessoa fez a sua festa podendo escolher entre as 27 iniciativas espalhadas pelas praças e ruas da cidade, entre as 9h00 e as 4h00 da manhã. Mariana Valente, uma das espectadoras, gostou do que viu. “Tornou-se um dia diferente”.
Este texto é o retrato de uma das várias escolhas possíveis. O amanhecer ameaçava chuva, mas a festa começou à hora marcada com oficinas para crianças, que fizeram experiências científicas, pinturas faciais ou um painel de azulejos. Pelo meio, aterrava e decolava um avião de cartão que conseguiu arrancar gargalhadas aos mais velhos.
Uma olhadela ao relógio e outra ao programa. Estava a começar o teatro de Ana Lúcia Palminha, ‘Histórias Mergulhadas’, uma viagem através da água pela Sibéria, Islândia e América do Norte. E é na água que se pesca, atividade característica da cidade, presente na intervenção artística ‘Bublesscape’– bolas gigantes ligadas por redes de pesca que impediam a passagem e convidavam os transeuntes a passar por cima delas. Da autoria do gabinete de arquitetura LIKEarchitects, foi pensado como uma crítica à rotina mas acabou como um parque de diversões para quem aceitou o desafio. Foi neste ambiente de folia que começou o último espetáculo da manhã, ‘(Con)sumo de laranja’: um palhaço preso numa montra que ultrapassava a solidão intervindo com o público. Crianças e adultos, todos fizeram parte do espetáculo e ainda houve quem fosse almoçar com o sabor dos beijos recheados a chantilly.
O FESTA convidou as pessoas a “ocupar a cidade e fazer um picnic”. E elas estenderam a manta, pousaram a cesta e comeram nos espaços verdes, aceitando uma das novidades desta segunda edição.
Com tudo arrumado, seguiu-se para a Praça das Galinhas para assistir ao teatro de Graça Ochoa, ‘A galinha da minha vizinha’, uma comédia sobre a solidão e de como ultrapassá-la criando histórias e amigos. Falando em comédia, à saída da Praça apareceu o grupo de teatro de rua ‘Kamchàtka’ vestido com fato e gravata e de mala de viagem na mão. O grupo recriou situações do quotidiano e interagiu com o público, improvisando. As gargalhadas foram gerais.
Ao fim da tarde, um pé de dança ao som da música eletrónica do grupo ‘Sound Trap’. E o FESTA terminou com a dupla Miguel Quintão/Álvaro Costa, conhecida pelo ‘Bons Rapazes’ da Antena 3, que voltou a convidar a dançar. Antes, apagaram-se as luzes da cidade, mergulhando-a na escuridão para assistir ao ‘Baile dos Candeeiros’ da companhia Radar 360º.
“Quem vai à festa, três dias não presta”. Para o ano, espera-se mais.