No comunicado de apresentação de resultados enviado à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o BCP destaca a retoma da rendibilidade após quatro anos de prejuízos, a melhoria do resultado ‘core’ e a subida da margem financeira e das comissões.
O resultado subiu ainda à boleia de operações financeiras como a dívida pública portuguesa. Em simultâneo, a instituição prosseguiu a redução de custos e o esforço de provisionamento.
O resultado de 240,7 milhões de euros no primeiro semestre reflecte “a prossecução dos objetivos contemplados no Plano Estratégico, materializados na recuperação sustentada da atividade em Portugal e no aumento do contributo das operações internacionais”, refere o comunicado de apresentação de resultados.
Recorde-se que no âmbito do pedido de ajuda estatal o BCP comprometeu-se com a Direção Geral da Concorrência da Comissão Europeia a implementar um Plano de Reestruturação da actividade.
Venda de dívida pública nacional
O crescimento da margem financeira de 496 milhões para 628 milhões de euros e a redução dos custos operacionais no primeiro semestre contribuíram para a melhoria dos resultados da instituição bancária liderada por Nuno Amado.
Mas contas do BCP beneficiaram ainda de factores extraordinários como a realização de mais-valias no montante de 385,5 milhões de euros nos primeiros seis meses de 2015 com a venda de títulos de dívida pública portuguesa.
No que se refere aos custos, o banco destaca as poupanças de 12,5% obtidas ao nível dos custos com o pessoal, consubstanciados na diminuição do número de colaboradores e nas medidas temporárias de redução salarial implementadas em 2014.
No final de Junho de 2015, o Millennium bcp contava com 7.599 colaboradores na actividade em Portugal, menos 752 face ao final do primeiro semestre do ano passado.
Para reduzir os gastos administrativos, o BCP tem vindo a implementar medidas como o redimensionamento da rede de balcões. No final do primeiro semestre, a instituição contava com 740 sucursais em Portugal, menos 49 face a Junho de 2014.
O crédito concedido a clientes recuou, enquanto o volume de depósitos captado subiu. O risco dos empréstimos continua a aumentar, obrigando o banco a reforçar as almofadas financeiras para fazer face a eventuais incumprimentos. As imparidades de crédito dispararam quase 28% para 475 milhões de euros.
“O rácio do crédito com incumprimento situou-se em 9,7% do crédito total em 30 de junho de 2015”, enquanto “o rácio do crédito em risco situou-se em 12,4% do crédito total, em 30 de junho de 2015”, lê-se no comunicado.
Em termos de solidez, os rácios de capital do banco melhoraram, com o rácio ‘common equity tier 1 phased in’ (de aplicação transitória) de 13,1% face aos 12,5% registados um ano antes.
"Os indicadores de capital [foram] impulsionados pelo efeito da melhoria da rendibilidade recorrente, da venda de 15,4% do Bank Millennium (Polónia) e do impacto da operação pública de troca concluída em 11 de Junho de 2015", explica o comunicado.