Será no Auditório Municipal de Lagoa e nesta mediática feira empresarial do Algarve, um espaço já com história onde as duas indústrias, do Turismo e do Imobiliário, também se cruzam-se com a Terra e com o Mar de uma feira – a FATACIL – que é muito mais do que uma feira comercial, industrial e agrícola. A partir do nosso promontório continental mais a Sul, desenhamos vários ciclos do nosso desenvolvimento, desde que nos lançámos na aventura das rotas comerciais da Índia e do Oriente. Deste lugar ao Sul continuamos a olhar para Suão, de onde vem o vento quente, e a direcção para onde olhamos apontados ao Brasil, com a África sempre a bombordo.
Gosto desta imagem do bombordo, ou do chamado lado bom que é, como se sabe, o lado esquerdo das naus quando navegam para Sul, no Atlântico, ao lado da costa africana. Um bombordo desde o tempo dos ciclos das especiarias e do ouro. Como disse em Lagoa há seis anos, o nosso bombordo é, e continua a ser, o lado de onde avistamos África, tendo a proa apontada a Sul, a esse imenso Brasil, de novo um dos nossos destinos de excelência. O nosso bombordo económico faz-se também no cruzamento do Turismo com o Imobiliário.
Falar hoje em Turismo que se cruza com Imobiliário é falar também em internacionalização e em reabilitação urbana, dois desafios que caminham lado a lado, às vezes de mãos dadas, e que são indispensáveis como pilares do mercado imobiliário português. Nomeadamente no que respeita à dinamização do mercado de arrendamento urbano e também do mercado do imobiliário turístico.
Tudo isto volta a ser tema no seminário nacional da rentrée da APEMIP, emblematicamente marcado para o primeiro dia dessa grande mostra da actividade algarvia que é a FATACIL, na sua trigésima sexta edição.
Registando que alguns valores, nomeadamente o das transacções imobiliárias, apontam no sentido de uma recuperação do sector imobiliário em Portugal, reequacionaremos obrigatoriamente no próximo encontro de Lagoa a realidade dos mercados mais virados para a segunda habitação e para o turismo residencial. Desejando um regresso à saudável velocidade que tais mercados requerem, não podemos nem devemos esquecer o debate, urgente, da necessidade de uma reinvenção por parte dos nossos destinos turísticos mais clássicos.
Na procura por parte do imobiliário, nomeadamente turístico, de novos mercados que substituam os habituais, inclusivamente como uma alternativa de investimento.
*Presidente da APEMIP, assina esta coluna semanalmente