O Estado fomenta grupos económicos na Saúde

Ao ler há dias uma entrevista entusiástica de um dos líderes dos grupos privados de Saúde que operam em Portugal (os Lusíadas, o ex-BES Grupo LUZ  e a José de Mello Saúde) lembrei-me dos tempos recuados, ainda no antigo Regime, quando os governos não se preocupavam com a Saúde dos pobres, e quando um avô…

Curiosamente, quando os países praticamente não tinham dinheiro (alguns, como a Grã Bretanha ou os nórdicos, logo depois da Guerra; Portugal a seguir ao 25 de Abril e ao ‘gonçalvismo’) fizeram os serviços nacionais de saúde, que os actuais liberais, muito à americana, e em tempos de impostos nunca antes vistos ou previstos, se dedicam a destruir, com a desculpa de não haver dinheiro (como realmente não haveria, pelo menos não tanto como hoje, quando esses serviços se montaram). O meu avô, que se preocupou em criar um hospital que cobrava muito aos ricos para depois não cobrar aos pobres, era até bastante salazarista. O meu pai, que depois geriu com sucesso a sua obra, e eu, não tanto – embora quanto a políticas sociais estivéssemos os 3 na mesma onda, e nada nos separasse.

Foi a Senhora Thatcher que começou por acabar com o emblemático e muito bom SNS britânico, cortando de início os serviços de limpeza (que atribuídos a particulares, e racionalizados à moda destes, deram nas assassinas bactérias hospitalares, fatais para os mais doentes). E depois dela, virou moda. Na realidade, nada me choca mais do que ver um sector que devia ser público, e preocupado com os mais desfavorecidos, transformado num negocio da China – por chineses e não só.