O Governo turco "não deve cortar com os curdos as pontes que, dos dois lados, foram laboriosamente construídas nos últimos anos", declarou Steinmeier à edição deste sábado do diário popular alemão Bild.
Ancara deve ainda "respeitar" o facto "de um partido curdo [Partido Democráticos dos Povos, HDP] ter sido eleito para o parlamento" nas legislativas de junho, insistiu o chefe da diplomacia germânica, que na terça-feira manteve uma conversa telefónica com o presidente do Curdistão iraquiano, Massud Barzani.
Na ocasião, os dois interlocutores insistiram na necessidade "de retomar o processo de paz" com a Turquia, segundo informou um porta-voz do ministro.
"Apoiamos todos os esforços que contribuam para resolver de forma pacífica o conflito" entre a Turquia e os curdos, assegurou Steinmeier, acrescentando: "ninguém pode ter interesse que a Turquia regresse aos períodos de violências sem fim, nem o Governo turco nem os representantes políticos curdos".
"Claro que a Turquia deve proteger os seus cidadãos do terror. Mas a última coisa que o Médio Oriente (…) precisa é de um alargamento da confrontação militar nesta região", preveniu.
Na Turquia, a situação interna conheceu um súbito desenvolvimento na sequência do atentado de 20 de julho em Suruç, perto da fronteira síria, e que provocou 32 mortos entre militantes da causa curda.
O ataque foi atribuído aos 'jihadistas' do grupo Estado Islâmico (EI), e implicou uma resposta imediata do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) contra as autoridades turcas, acusadas de terem ignorado durante um longo período, ou mesmo encorajado, as atividades dos 'jihadistas'.
Em represália, o exército turco bombardeou pela primeira vez posições do EI na Síria e em simultâneo tem promovido raides aéreos sistemáticos contra as bases recuadas do PKK no Iraque.
Lusa/SOL