A temporada, reconhece, não começou de acordo com as expetativas, falhando o cut no Turkish Airlines Challenge, a única prova do Challenge que participou este ano. “Não comecei bem o ano, mas acabou por ser bom porque aprendi algumas coisas e tentei tirar o máximo dos dois dias de competição na Turquia”, afirma Gonçalo Pinto, que é o único golfista nacional a conseguir vencer no mesmo ano o campeonato amador e o profissional.
A primeira medida foi intensificar o trabalho. “Tenho trabalhado muito nestes últimos dois anos a componente técnica, mas chegamos à conclusão que tinha que olhar também para a parte física”, explica. Assim, Gonçalo Pinto juntou um preparador físico à equipa que o acompanha. “Tenho sentido as diferenças e penso que este trabalho vai mostrar-se no campo”, garante, lembrando que o golfe de alta competição é jogador por verdadeiros atletas.
“É preciso ser profissional no dia-a-dia, não apenas quando estamos no campo”, afirma Gonçalo Pinto, que não coloca de parte um salto para o European Tour. “O objetivo, como eu disse, é o Challenge, mas se as coisas correrem mesmo, mesmo bem, porque não?”, diz, referindo-se ao Madeira Islands Open – Portugal – BPI, que decorre no final de julho, e cujo vencedor garante um cartão para Tour durante dois anos.
Por outro lado, existe o caminho da Escola de Qualificação. “Vou jogar a Escola no final do ano, e à medida que a época for correndo vou adaptando o meu calendário.”
Mas vamos com calma. Gonçalo Pinto tem 22 anos, e é profissional há menos de dois. No ano passado, jogou poucos torneios e só este ano é que vai poder conseguir jogar uma época ‘completa’ tendo em conta a categoria que tem como profissional.
“Tenho previsto jogar o máximo de torneios que a minha categoria permite. Tenho sete convites para o Challenge Tour, através do Portugal Golf Team ainda vou jogar o Open da Madeira.”. São oito oportunidades – sete, se descontarmos o que já jogou na Turquia – que Gonçalo Pinto sabe que tem de aproveitar.
Esta, diz, é a principal diferença entre um amador e um profissional. “Em amador, se não jogarmos bem um torneio, paciência. Temos outro. Agora como profissional, existe a pressão de ter bons resultados”, explica
Mas são ‘ossos do ofício’. “Foi este o caminho que eu escolhi, estou a viver um sonho de criança, e penso que tenho aprendido a lidar com a pressão dos resultados, e a tentar corresponder aquilo que as pessoas no geral e os patrocinadores em particular esperam de mim.”
Em termos de apoios, e a trabalhar o segundo ano com Pedro Lima Pinto, o ex-campeão nacional de todas as categorias não se pode queixar. “A Hilti manteve a aposta em mim, e entretanto existem outros patrocinadores como a GFI Golf Medicine que também me apoiam este ano.”
A época começou bem cedo, no Algarve Winter Tour, um circuito com a chancela da PGA Portugal. “Foi muito bom para mim e penso que também para os outros portugueses. O field era forte, com muitos jogadores do Challenge Tour, o que nos deu uma boa preparação”, recorda Gonçalo Pinto que teve um Top-5 no Morgado Classi, um Top-10 no Salgados Classic e um top-15 no Salgados Classic II.
“Por isso, senti-me e sinto-me confiante e em forma para esta época”, explica. Antes mesmo do início das competições, houve todo um trabalho técnico com vista a melhorar o jogo. “Torná-lo mais consistente, mais fluído.”
“Concentrei-me mais nos erros que cometi no ano passado, nas partes mais fracas do meu jogo”, explica, ressalvando que o trabalho desenvolvido foi global. “Senti que tinha que dar um pouco mais em todas as partes do jogo, e é isso que tenho feito com o meu treinador.”
Gonçalo Pinto tem este mês dois torneios importantes. Primeiro vai jogar na primeira semana o Swiss Challenge, no Golf Sempachersee, na cidade suíça de Lucerna. Na semana seguinte viaja para a Bélgica, para disputar o KPMG Trophy.
Ao contrário da maioria dos golfistas portugueses da nova geração – Pedro Figueiredo, Ricardo Melo Gouveia ou João Carlota -, Gonçalo Pinto optou por fazer toda a carreira de amador em Portugal.
Próximo do treinador, com que mantém uma excelente relação, Pinto olhou para o exemplo de Ricardo Santos e, principalmente, à sua volta. “Portugal tem excelentes condições para um golfista evoluir”, explica, apontando o caso de Santos que saltou para profissional, com o sucesso que se conhece, sempre a trabalhar no país.
“Temos excelentes campos, grandes técnicos e agora, fruto do trabalho desenvolvido pela Federação e pela PGA Portugal, bons torneios para competir”, acrescenta o golfista algarvio.
Foi no Algarve, pela mão do pai, que encontrou o golfe. “Lembrou-me que o meu pai levou-me um dia ao golfe do Pinhal, em Vilamoura, e eu, com quatro anos, fiquei fascinado.” Sentiu logo uma paixão enorme pelo jogo.
“É por isso que digo a todos que estou a viver um sonho. Um sonho de criança, que exige trabalho, esforço e algum sacrifício, mas que eu não trocaria por nada deste mundo.”
Artigo escrito por Márcio Berenguer ao abrigo da parceria entre a Revista GOLFE Portugal & Islands com o Jornal SOL.