Outra peculiaridade estratégica do PCP, dando corpo à sua veia nacionalista e imobilista, é a exigência da saída de Portugal do euro e o regresso ao antigo escudo. O PCP deve pensar que há um nicho de mercado eleitoral, em particular entre a terceira idade, que sonha em viver de novo com o desvalido mas velho conhecido escudo. Jerónimo fez disso uma das principais bandeiras do PCP. “Seria criminoso não preparar a saída de Portugal do euro”, clamava o líder do PCP, no momento em que o seu partido apostava todas as fichas na saída da Grécia do euro como exemplo a seguir. “O resultado do referendo na Grécia foi uma importante derrota para a UE e para o FMI”, exultava o dirigente João Ferreira, de braço dado com Jerónimo.
Para mal do PCP, no entanto, Alexis Tsipras menosprezou o resultado do referendo, deixou-se de fantasias e foi muito claro no caminho a seguir: “Voltar ao dracma não era alternativa! A desvalorização que sofreria seria fatal. Se a Grécia saísse do euro seria um desastre para a classe média e baixa”. Depois disto, Jerónimo de Sousa ainda tem cara para propor ao país a via do isolamento internacional e de uma economia de miséria com o regresso a uma moeda, o escudo, cuja desvalorização imediata implicaria uma queda de 30% ou 40% no nível de vida dos portugueses? Pelos vistos, tem.
O que é intrigante é ver este PCP, um partido apenas de protesto e sem qualquer utilidade para soluções de Governo, uma espécie de BE grisalho, atingir ainda uns surpreendentes 10% em algumas sondagens. Será do ar de afável avozinho que Jerónimo de Sousa transmite?