23º Madeira Islands Open Portugal BPI – Primeiro Top-ten de Tiago Cruz – Roope Kakko Campeão

Um português no Top-Ten pelo quinto ano seguido – pela primeira vez quatro portugueses no Top-25 – Filipe Lima qualifica-se para o Rolex Trophy – Ricardo Santos alcança melhor prestação da época – primeiro finlandês a vencer no clube de Golfe do Santo da Serra.

Tiago Cruz conseguiu o primeiro top-ten da sua carreira em torneios do European Tour, na 23ª edição do Madeira Islands Open Portugal BPI, o torneio português do European Tour, de 600 mil euros em prémios monetários, que hoje (Domingo) terminou no Clube de Golfe do Santo da Serra (CGSS).

O campeão nacional, de 33 anos, integrou o grupo dos 10º classificados, a sua melhor classificação de sempre a este nível, com um total de 275 pancadas, 13 abaixo do Par, depois de voltas de 73, 69, 65 e 68, que passa a constituir também o seu melhor resultado de sempre em etapas da primeira divisão europeia. Apesar de não ter havido uma vitória portuguesa, para repetir o triunfo de Ricardo Santos em 2012, nem por isso o golfe nacional deixou de estar de parabéns e isso mesmo foi salientado por António Henriques, o presidente do CGSS, no seu discurso na cerimónia de entrega de prémios: «Foi a primeira vez que tivemos quatro portugueses no top-25 deste torneio». Com efeito, Filipe Lima ficou a 1 pancada de igualar Cruz no top-ten, quedando-se em 13º empatado, com as mesmas 12 pancadas abaixo do Par de Ricardo Santos. Para estes dois portugueses, foi a melhor classificação no European Tour de 2015 e para Lima foi igualmente a segunda melhor no Challenge Tour.

Ainda dentro do top-25, exatamente em 25º empatado (-9), fixou-se Ricardo Melo Gouveia, que perdeu o posto de nº1 da Corrida para Omã do Challenge Tour, descendo para 2º, ultrapassado pelo novo campeão do evento que mais promove internacionalmente a Região Autónoma da Madeira.

Falamos do finlandês Roope Kakko, de 33 anos, que fixou um novo recorde do torneio para 72 buracos, com 24 pancadas abaixo do Par (66+71+64+63), quebrando as -22 do êxito de Ricardo Santos em 2012. Mas como Kakko conquistou o seu primeiro título do European Tour – foi, aliás, apenas o segundo finlandês a impor-se a este nível na história do circuito – subiu automaticamente à primeira divisão europeia. Kakko não mais competirá este ano na segunda divisão, pelo que, virtualmente, “Melinho” é o nº1 da Corrida para Omã do Challenge Tour e brevemente recuperará essa posição. O mais discreto dos portugueses na Madeira, dos cinco que passaram o cut, foi Pedro Figueiredo, que fechou a sua participação no 52º posto empatado (-3). Mesmo assim, o ex-campeão nacional ascendeu do 150º para o 137º lugar na Corrida para Omã.    

 

Tiago Cruz apurado para Dinamarca

Tiago Cruz teve um grande final de torneio. Nos últimos buracos não perdeu qualquer pancada e fez 1 eagle e 2 birdies para conseguir o tão desejado top-ten e tornar-se no melhor português. «Não estamos aqui a lutar entre os portugueses. Estou contente pelo meu resultado, mas não é importante ficar à frente dos portugueses», comentou o vencedor de três torneios este ano, entre os quais a primeira edição da Taça Ibérica.

Um top-ten dá quase sempre acesso ao torneio seguinte do European Tour e Tiago Cruz qualificou-se para o Made in Denmark, de 1,5 milhões de euros em prémios, que começa a 18 de agosto.

Mas apesar de ter embolsado hoje 11.120 euros, o campeão nacional ainda não decidiu se irá aproveitar a oportunidade, tendo até amanhã para decidir: «Tenho esse direito mas tenho de pensar no que é melhor para mim. De calendário não tenho nada em agosto, até seria bom, mas a Dinamarca é um país caro, a viagem também, tem um pouco a ver com isso. Se conseguir alguns apoios entre hoje e amanhã talvez consiga ir».

 

Filipe Lima qualificado para Genebra

Filipe Lima, por seu lado, já tinha decidido que mesmo que tivesse conseguido um quarto top-ten nos últimos cinco anos na Madeira não iria à Dinamarca. Não andou longe e 2 bogeys no 15 e 16 custaram-lhe esse top-ten depois de um início brilhante de 2 birdies e 1 eagle entre o 9 e o 12, que o levaram então ao 5º posto empatado. Acabou por assinar voltas de 70, 68, 69 e 69, com alguma frustração por «jogar bem e nada acontecer».

Em contrapartida, o prémio de 9.220 euros permitiu-lhe ascender do 41º ao 34º lugar da Corrida para Omã e com isso garantiu a qualificação para o Rolex Trophy, um torneio de 230 mil euros em prémios, que arranca a 19 de agosto, em Genebra e que está reservado ao top-50. É outro Major do Challenge Tour, apesar de ter metade da cotação monetária do evento madeirense. «O Rolex Trophy era um objetivo para esta semana e estou bastante contente com isso», disse o português residente em França, que somou o seu quarto top-20 seguido no Challenge Tour. «Desde o inicio do ano que ando sempre no top-20 e isso já está a chatear-me um bocadinho porque gosto mais de top-5 como tem feito o Ricardo Melo Gouveia. Top-20 no Challenge Tour não dá para nada, não andas para a frente, ficas no mesmo lugar», lamentou-se, não obstante estar convicto de que «isto vai melhorar».

 

Ricardo Santos elege European Tour

 Se o 13º (-12) lugar de Lima deu-lhe a ida à Suíça, a mesma classificação não foi suficiente para Ricardo Santos optar pelo Challenge Tour. O algarvio de 32 anos é o único português com cartão (parcial) para no jogar no European Tour em 2015 e os 9.200 euros permitiram-lhe subir de 196º para 193º na Corrida para o Dubai, mas ainda está longe do top-110 que permanece no circuito principal. Já no Challenge Tour, Ricardo Santos ascendeu ao 75º posto e precisaria de fechar a época no top-15 para continuar a jogar no European Tour em 2016.

A escolha não é fácil mas o campeão nacional de 2011 tem ideias claras: «vou focar-me no European Tour porque uma semana boa no Tour pode garantir logo o cartão para a próxima época e uma semana boa no Challenge Tour não o garante. Teria de ter-me corrido muito bem esta semana e a semana passada também para eu poder optar pelo Challenge Tour. E se continuar a jogar golfe assim e a sorte sorrir pode acontecer algo de bom».

Com voltas de 66, 76, 69 e 65, Ricardo Santos saiu bem confiante de que, uma vez mais, a Madeira será um ponto de viragem na carreira, depois de obter aqui as melhores exibições do ano: «Há algum tempo que não tinha uma semana com três voltas nas 60’s pancadas. A Madeira tem sido marcante. A boa série começou em 2011 quando saltei para o European Tour e terminei no Porto Santo em 10º e depois voltámos ao Santo da Serra em 2012 e tive a felicidade de sair vencedor».

 

“Melinho” e “Figgy” queriam mais

  Dos portugueses que passaram o cut, Ricardo Melo Gouveia e Pedro Figueiredo foram aqueles que ficaram com «um amargo sabor», como caracterizou “Figgy”. Melo Gouveia veio com legítimas aspirações ao título, mas voltas de 68, 72, 71 e 68, para um agregado de 279 (-9), deixaram-no em 25º empatado, para um prémio de 5.880 euros.

Numa época em que já venceu três torneios, um dos quais no Challenge Tour, na Alemanha, só tem razões para estar confiante e, por isso, foi com pensamento positivo que se despediu de um torneio que jogou apenas pela segunda vez e a primeira nestes percursos Machico-Desertas: «Saio desta semana contente porque, sabendo que não joguei ao meu melhor nível, ainda acabei no top-30. Quer dizer que o meu jogo se encontra no sítio certo para os próximos torneios. O meu controlo de distâncias não esteve muito bom esta semana, os approaches não estiveram bons, não me adaptei às condições de os greens estarem mais elevados. Hoje já consegui adaptar-me melhor, já percebi mais o que é preciso fazer de espero para o ano trazer essa experiência e poder lutar pelo título».

Pedro Figueiredo, por seu lado, encerrou a participação em 52º empatado, com 285 (73+69+71+72), -3, arrecadando 2.340 euros. Não foi o torneio que o ex-campeão nacional desejava, mas há ilações positivas a retirar: «Saio contente sobretudo pela forma como evoluí neste torneio. Não vim nada confiante para aqui e saio com um balão de oxigénio e mais tranquilo para os próximos torneios. Se conseguir jogar muito bem nos três ou quatro próximos torneios e ficar nos primeiros 70, garanto pelo menos o cartão “full” para o próximo ano no Challenge Tour. Seria bom e já ficaria contente».

 

Roope Kakko ama a Madeira

Quem já não tem de fazer essas contas é Roope Kako, o primeiro finlandês a vencer na Madeira em 23 edições. Agora, abriram-se-lhe as portas do European Tour. Mas a vitória, mesmo com resultado recorde não foi nada fácil. A última volta teve três líderes diferentes, o escocês Scott Henry teve uma arrancada fantástica com 3 birdies, mas repetiu o 2º lugar do ano passado, desta feita com 21 abaixo do Par, superando e 3 o seu compatriota Andrew McArthur que, tal como Kakko, fez hje 63 (-9). «Muita pressão, muita pressão, mas hoje tive muitos bons pensamentos no campo e fui capaz de suportá-la. No 16 estava quase a chorar, havia um turbilhão de emoções, este torneio é tão importante para nós, o meu caddie ajudou-me deu-me algumas canções finlandesas para cantar, soltou algumas anedotas e isso ajudou-me a voltar ao presente», disse aos jornalistas.

Momentos depois, já banhado de espumante foi para a cerimónia de entrega de prémios, onde recebeu um cheque de 100 mil euros das mãos de Diogo Louro do BPI; uma garrafa de vinho da Madeira Barbeito entregue por Manuel Agrellos, presidente da Federação Portuguesa de Golfe; e a taça, dada por Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional da Madeira.

Estiveram ainda na cerimónia Ricardo Franco, presidente da Câmara Municipal de Machico; Jorge Carvalho, secretário regional da Educação e Recursos Humanos; Kátia Carvalho, diretora regional de Cultura, Turismo e Transportes; António Henriques, presidente do Clube de Golfe do Santo da Serra; e José Maria Zamora, diretor de torneios do European Tour.

Depois de muitos agradecimentos, alguns de voz embargada, Roope Kakko encerrou o seu discurso dizendo: «eu amo a Madeira».

Artigo escrito por Hugo Ribeiro, ao abrigo da parceria entre a Federação Portuguesa de Golfe com o Semanário SOL