Pois antes do 25 de Abril, a Polícia apreendia qualquer bola que aparecesse na praia fora dos locais previstos para se jogar, e multava quem estivesse com ela.
Hoje em dia, nos países relativamente civilizados, as bolas e raquetes continuam a ser proibidas nas praias, fora das zonas previstas para se jogar com elas. Mas como a Polícia por cá há muito não actua, os chamados atletas de praia andam mais à solta do que nunca, e apesar de serem uma minoria mal criada, ocupam a praia quase toda, e não hesitam em agredir com as bolas os banhistas educados e desprevenidos, sempre prontos a afivelarem o sorriso imbecil próprio dos atletas de praia.
Cá em Portugal, a Lei também os proíbe, obviamente (sempre pertencemos à Europa). Mas as nossas autoridades democráticas acham que a melhor maneira de fazerem o pleno, é terem uma lei que satisfaça os banhistas civilizados, e não a aplicar, para também satisfazerem os incivilizados.
Na praia que frequento, no ano passado, ainda me recordo de ver às vezes os banheiros mandarem parar os jogos de bola, quando viam cidadãos martirizados por elas. Mas este ano reparo que até os banheiros jogam à bola. E nunca nos locais previstos, mas à beira mar – para poderem assim massacrar a maioria dos banhistas civilizados, e poderem eles arvorar o seu ar imbecil, ou a pedirem desculpas, ou a insultarem. Claro que vejo por vezes a chamada Autoridade Marítima: mas será que serve para alguma coisa – ou também será constituída, como desconfio, nestes tempos em que não se educa ninguém (nem sequer os polícias marítimos), pelos tais atletas de praia? Inclino-me a pensar que sim, ao vê-los tão indiferentes às bolas, e até carinhosos com os seus poucos (embora pareçam muitos, pela forma como enchem e ocupam as praias com as boladas compridas) possuidores.
Claro que as únicas bolas legais na praia são as de Berlim (apesar das ressonâncias negativas do nome).