Construtora portuguesa acusada de negligência num acidente fatal em Maputo

A comissão de inquérito à morte de cinco trabalhadores na sequência da queda de andaimes numa obra da construtora portuguesa Britalar em Maputo, em julho, acusou de negligência as empresas envolvidas na empreitada.

Em conferência de imprensa realizada na quinta-feira em Maputo, o porta-voz da comissão de inquérito, Feliciano Dias, disse ainda que o alvará da Britalar já estava caducado quando aconteceu o acidente, que também feriu cinco trabalhadores.

Segundo os resultados do inquérito, além da construtora portuguesa, também atuaram com negligência as empresas Cope, sub-empreiteiro, e JAT Constrói, proprietário.

"A fiscalização chamou a atenção da Britalar para questões de segurança por três ocasiões, através de cartas, mas nunca houve cumprimento", disse Dias, que participou no inquérito em representação da Ordem dos Engenheiros de Moçambique.

A obra, prosseguiu Feliciano Dias, desrespeitou as recomendações do fabricante dos andaimes, não tinha o projeto de estabilidade e os equipamentos de proteção individual e colectiva eram utilizados de forma deficiente.

Durante a conferência de imprensa, foram mostradas fotografias dos trabalhadores da obra a laborar manualmente e sem cinto de segurança nem uniforme.

Feliciano Dias citou o decreto sobre a segurança na construção civil em Moçambique, que refere que "a construção, desmontagem ou modificação de andaimes serão efetuadas por operários especialmente habilitados, sob a direção de um técnico responsável legalmente idóneo".

O acidente foi mais um revés nas atividades da Britalar em Moçambique, uma vez que a empresa está a ser investigada pela Procuradoria-Geral da República de Moçambique por alegado incumprimento na obra de reconstrução de um troço da Avenida Julius Nyerere, em Maputo.

Lusa/SOL