Já houve notícias sobre a morte de mulá Omar que se revelaram manifestamente exageradas, mas desta vez são os próprios talibãs a confirmar o desaparecimento do fundador do movimento que liderou o Afeganistão de 1996 até à invasão norte-americana de 2001. O homem que conheceu Osama bin Laden na luta mujahideen contra a ocupação soviética sempre se pautou pela discrição, tendo evitado a exposição pública mesmo durante os anos em que governou o país. Prova disso está na sua ficha na lista de terroristas mais procurados pelos EUA, na qual o parâmetro da altura está preenchido apenas com um «alto».
Apesar da falta de informação, o Departamento de Estado dos EUA não tinha dúvidas quanto à sua importância na luta contra o terrorismo. O programa Rewards for Justice (Recompensa pela Justiça) prometia até 10 milhões de dólares a quem prestasse informações sobre o paradeiro do fugitivo, identificado pelo Governo de Washington como o líder do «regime talibã que serviu de abrigo seguro a Osama bin Laden e à sua rede al-Qaeda nos anos anteriores ao 11 de Setembro».
A confirmar-se a versão dos talibãs, que dá conta que o seu líder morreu num hospital do Paquistão vítima de doença não divulgada, ninguém terá recebido a gratificação prometida, a segunda maior numa lista que já sem Omar ainda conta com 52 terroristas em fuga.
Ayman al-Zawahiri
Recompensa de 25 milhões dólares
Mais do dobro vale qualquer informação que possa levar à detenção de Ayman al-Zawahiri. O facto de ser o líder actual da al-Qaeda poderia por si só justificar o prémio de 25 milhões de dólares, mas a ligação deste pediatra egípcio com o terrorismo já vem de longe: Zawahiri é acusado de planear os ataques bombistas contra as embaixadas dos EUA na Tanzânia e no Quénia, que em 1998 mataram mais de 200 pessoas.Os EUA não esquecem também o facto de Zawahiri ter sido «médico e conselheiro» de Bin Laden assim como o seu objectivo de mudar o regime egípcio «através de meios violentos». A sua importância pode justificar que o actual Secretário de Estado dos EUA, John Kerry, decida ultrapassar o tecto máximo de 25 milhões de dólares pela recompensa, caso «determine ser necessário um valor maior para combater o terrorismo ou defender os EUA», como explica a página oficial do programa na internet.
Abu Bakr al-Baghdadi
10 milhões de dólares
Num patamar abaixo, mas decidido a alcançar Zawahiri, aparece Abu Bakr al-Baghdadi, o líder do Estado Islâmico (EI). A sua ficha identifica-o como o homem que em 2013 mudou o nome da al-Qaeda no Iraque para EI, numa jogada que «reflecte as suas grandes ambições regionais», assumidas com a autoproclamação de um califado em território do Iraque e da Síria. Baghdadi acumula reivindicações de «uma série de ataques terroristas no Iraque desde 2011» assim como assumiu a responsabilidade «nas operações de 2013 na prisão de Abu Ghraib», que levaram à fuga de centenas de terroristas, que se viriam a juntar ao EI.
Sirajuddin Haqqani
10 milhões de dólares
No topo dos terroristas mais procurados está também um parceiro de mulá Omar na luta contra as ocupações estrangeiras no Afeganistão. Sirajuddin Haqqani partilha o apelido com a rede terrorista que comanda a partir das montanhas do Waziristão, que separa o país do Paquistão. Haqqani é acusado de ter planeado o ataque a um hotel de Cabul, em 2008, que entre outras cinco pessoas vitimou um cidadão norte-americano. Mas é o seu papel como líder de uma rede responsável por centenas de raptos e ataques localizados contra tropas da NATO que justifica a sua presença na elite do terrorismo.
Hafiz Mohammad Saeed
10 milhões de dólares
Outra rede terrorista que tenta impor a visão mais fanática do Islão é a Jamaat-ud-Dawa, mais conhecida pelo nome do seu braço militar – Lashkar e-Tayyiba. Foi este o grupo responsável pelo ataque terrorista na cidade indiana de Mumbai, que em 2008 vitimou 166 pessoas.O seu líder, Hafiz Mohammad Saeed, é procurado como responsável máximo de uma rede «dedicada a instalar a lei islâmica em regiões da Índia e do Paquistão».
Yasin al-Suri
10 milhões de dólares
Sem liderar uma rede, mas tido como principal responsável pela al-Qaeda no Irão, Yasin al-Suri aparece a fechar a lista dos alvos mais valiosos dos EUA. A importância de al-Suri aumentou nos últimos anos, com Washington a vê-lo como peça influente na passagem de combatentes experientes do Paquistão e Afeganistão para a Síria, onde vários grupos de radicais islâmicos tentam derrubar o regime de Bashar al-Assad numa guerra civil que já dura desde 2011.Al-Suri chegou a ser detido pelas autoridades iranianas quando os EUA colocaram o prémio de 10 milhões pela sua captura, mas já voltou a ser posto em liberdade.Não entrou assim no total de 125 milhões de dólares que o Estado norte-americano já gastou desde que criou estre programa em 1984. Ramzi Yousef, o responsável pelo ataque bombista de 1993 contra o World Trade Center, foi uma das vítimas dos informadores recompensados por Washington. Uma estudante que ajudou a identificar o assassino de um diplomata norte-americano e um cidadão que denunciou o planeamento de ataques no Médio Oriente são dois dos casos de sucesso do programa do Departamento de Estado. Informadores anónimos que hoje vivem com as famílias sob protecção norte-americana.