Director artístico do D. Maria II quer mais público no teatro

O diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II (TNDM), em Lisboa, Tiago Rodrigues, ambiciona aumentar o público da sala do Rossio e levar em digressão pelo país as peças apresentadas na capital portuguesa. 

Em declarações à Lusa, o ator e encenador Tiago Rodrigues, 38 anos, atual diretor do TNDM, afirmou que a programação prevista "tem a ambição de animar o teatro com a presença do público, mas de públicos muito distintos, correspondendo ao público fiel do TNDM, que é muito importante, mas também abrindo as portas a outros públicos que não têm sido tão assíduos, nos últimos anos".

Tiago Rodrigues quer conquistar "um público mais ligado a um teatro que roça outras disciplinas" e, ao mesmo tempo, "abrir a programação a públicos de todo o país", apresentando-a noutros palcos.

O autor e encenador disse que "as dificuldades de público em Portugal são transversais, não só ao TNDM, e aos teatros em geral, mas a toda a atividade cultural, num momento economicamente difícil para os portugueses, sendo esta mais uma das áreas em que se sente a crise dos últimos anos".

A temporada 2015/16 do TNDM tem início a 11 de setembro, primeiro de três dias de entradas gratuitas para diversas atividades, entre elas uma homenagem à atriz Eunice Muñoz, uma Feira do Livro de Teatro, a apresentação de três tragédias e da peça "Coleção de amantes", de Raquel André, assim como de uma exposição das partituras do TNDM.

À Lusa, Tiago Rodrigues afirmou que "uma parte dos espetáculos produzidos pelo Nacional tem de ser pensada para agilmente circular [pelo território] e não ser demasiado monumental, cumprindo o serviço público de levar teatro a todo o país".

O responsável afirmou estar já a trabalhar com teatros e autarquias, com o intuito de levar, para fora do edifício no Rossio, em particular "para localidades isoladas e onde não há regularmente teatro", parte da programação, recordando que o TNDM "é pago por todos os contribuintes do país e não só de Lisboa".

O encenador argumentou que "o TNDM não é apenas um teatro das companhias de Lisboa".

Em fevereiro próximo, em sentido inverso, vai acontecer a "Ocupação minhota" da sala do Rossio, com a companhia Comédias do Minho, mas Tiago Rodrigues, projeta, nas temporadas seguintes, dedicar espaço a companhias de outras regiões.

Além das Comédias do Minho, nesta temporada, também vão apresentar-se no Nacional o Teatro Experimental do Porto e a companhia Terceira Pessoa, de Castelo Branco.

Questionado sobre o desaparecimento do projeto Teia, que abrangia diversas iniciativas paralelas de caráter pedagógico e didático, o encenador explicou que "a nomenclatura 'Teia' desaparece, mas não os seus conteúdos", tendo sido criada uma outra nomenclatura – "Luz de trabalho" – cujas atividades se tornarão visíveis a partir de janeiro próximo, e englobam a formação em teatro, cultura e divulgação teatrais.

Tiago Rodrigues adiantou ainda que se vai "apostar numa programação forte de espetáculos para a infância e juventude, assim como em debates e oficinas".

Lusa/SOL