Como se sente ao conseguir o cartão de um circuito importante como o Sunshine Tour?
Foi um objetivo ao qual eu me propus, quando os Red Skins me apoiaram. É bom tour para competir pois pode-me abrir as portas para outros tours mais importantes, como o European Tour.
Quais são os objetivos para esta temporada?
De momento ainda não tracei os meus objetivos para este ano. Ainda estou a ver quais os torneios que vou jogar. Mas um objetivo vai ser sempre ficar entre os 80 primeiros da ordem de mérito. Depois vou ainda definir pequenos objetivos para mim mesmo.
Como olha para o seu jogo? Quais os pontos fortes, e o que pensa que tem de melhorar para se afirmar como profissional?
Eu preciso de melhorar um pouco em toda a parte do meu jogo. Um dos meus pontos fortes são os ferros médios. Mas tenho estado a trabalhar e treinar para melhor em toda a parte do meu jogo.
Será o Sunshine um caminho para chegar ao European Tour?
Nunca se sabe! Tenho de dar um passo de cada vez, continuar o meu caminho, trabalhar o máximo possível. Com trabalho e dedicação podemos conseguir muitas coisas. No entanto é preciso não viver das ilusões. De momento quero jogar o máximo de torneios possíveis e aprender o máximo possível todos os dias.
Como é o golfe na África do Sul, comparando com o europeu? Mais competitivo?
O nível de golfe na África do Sul é bastante bom, se olharmos para o passado, vemos que muitos jogadores europeus jogaram aqui. E muitos sul-africanos que aqui começaram, já ganharam majors. O European Rour e muito forte e já e um circuito organizado há bastante tempo por isso é normal que ser mais forte. Mas há muita competição aqui o que é bastante positivo.
Sei que tem tido o apoio do clube português RedSkis. Como é que isso aconteceu?
Quando cheguei aqui, tive a felicidade de jogar com esse grupo que jogam todas as terças-feiras. As pessoas e as empresas daqui são muito ligadas ao golfe e se poderem ajudar ajudam. Joguei cerca de duas ou três vezes com eles. Em um dos torneios decidi falar com eles e pedir ajuda. Pediram me 10 minutos para falar entre eles. Ao fim de cinco minutos chamaram e disseram que tinha o apoio deles é que me iam suportar todos os custos da época de 2014. Incrível, fiquei bastante surpreendido com a rapidez de decisão, mas isto só mostra que quando queremos podemos ajudar. Estou muito agradecido aos Red Skins e dou-lhes os meus parabéns por ser um grupo bastante unido e forte.
Tem mais patrocinadores para esta época?
De momento ainda não tenho nada, estou a trabalhar nisso. Mas as coisas parecem estar no caminho certo. E só tenho de agradecer a todas as pessoas pois tem me ajudam imenso. Não é fácil vir viver para um país onde não conheces ninguém.
Saiu de Portugal desiludido com o golfe e com o país. Como olha para trás?
O golfe em Portugal está cada vez melhor e isso deve se ao facto de a PGA Portugal estar a fazer um trabalho excecional. O golfe tem muito a agradecer ao Zé Correia e o Nelson Cavalheiro estão a fazer. São dois lutadores pois pegaram na PGA na pior altura, e conseguiram elevar novamente o nome da PGA de Portugal e fazer com que os jovens portugueses possam crescer como profissionais quer a nível de competição ou de ensino. Infelizmente saí de Portugal porque senti que tinha todas as portas fechadas e não tinha qualquer apoio. Não estava a conseguir fazer nada para melhorar, estava estagnado com hipóteses de piorar, e por isso decidi arriscar.
Chegou a pensar desistir do golfe. Como foi voltar?
O golfe e a minha vida, desde de pequeno que jogo golfe. Está no meu sangue. Infelizmente quando não competes com regularidade começas a perder os teus skills e a motivação. Este ano joguei cerca de 30 torneios de profissionais e uns 10 pro-am penso que não jogava tantos desde 2006. Alias tive alguma dificuldade em lidar com o cansaço.
Depois de dois anos na África do Sul, começa a receber frutos?
Eu tive um bom ano de 2014 e tenho de agradecer aos Red Skins e todas as pessoas que me apoiaram. Nunca tive problemas em trabalhar e treinar arduamente. Vou continuar a fazer o que tenho feito e vamos ver o que vai acontecer nos próximos tempos.
Como correu a adaptação?
Bastante difícil, a temperatura é bastante similar à Vilamoura, a comida também não foi o problema. O meu grande problema foi que pela primeira vez vivi numa cidade, onde o tráfico e impressionante. Uma cidade enorme onde não conhecia ninguém, tiver de andar a descobrir. Foi como se fosse um bebê a aprender a andar. Mas agora já passou. Estou completamente adaptado.
Fala-nos um pouco do seu percurso. Como e quando começou a jogar.
Eu comecei a jogar aos 12 anos através do desporto escolar, depois comecei a jogar e ter aulas na Vila Sol com o Sebastião Gil e mais tarde acabei por mudar para o Clube de Golf de Vilamoura onde fiz toda a minha carreira como amador. Tenho de agradecer a Vilamoura, a todos os profissionais pelo qual passei e em especial ao Joaquim Sequeira pois foi com quem passei mais tempo.
Principais recordações.
Tive muito boas recordações é difícil definir uma. Enquanto amador éramos muito unidos no clube de Vilamoura e muito fortes. Vilamoura é um clube como o Real Madrid ou Barcelona onde todos gostavam de ter jogado. Pois é bastante organizado e apoia bastante os amadores
O que o fascina neste jogo.
É um jogo em que nada está garantido. Num dia estás em cima no outro podes estar em baixo é preciso muita paciência e dedicação. E é um desporto que depende muito do de ti.
Que conselho dá aos mais jovens, que começam agora a sonhar com o profissionalismo.
Que treinem o máximo possível (pois não há short cuts) que sejam humildes e que aproveitem todas as oportunidades que aparecem.
Portugal é um bom país para crescer no golfe.
Isso é uma pergunta bastante difícil e complicada de responder. Temos dos melhores climas, campos de golf e profissionais de ensino. Como amador há bastantes apoios e consegue-se fazer coisas muito boas e crescer como jogador. O grande problema que eu senti e que eu ainda vejo e quando passas a profissional e precisas de competir o máximo possível, mas não consegues apoios monetários. Ou vens de uma família com posses monetárias e consegues caso contrário é bastante complicado. Basta olharmos para o passado e vermos o que aconteceu com os grandes amadores portugueses. A PGA Portugal está cada vez melhor, mas não é suficiente para quem quer ser bom. Nos outros países os jogadores estão a jogar entre 25 a 30 torneios por época com alguns pro-ams pelo meio. Se quiseres ser bom tens de competir o máximo possível e com os melhores, não minha opinião é a única maneira de melhorar. Infelizmente estar no campo de treino sem competir aprende-se muito pouco.
Artigo escrito por Márcio Berenguer ao abrigo da parceria entre a Revista GOLFE Portugal & Islands com o Jornal SOL.