Passar o cut no Europeu em dois anos seguidos é algo que na última década só foi conseguido por Gonçalo Pinto e Pedro Figueiredo.Mais discreto (por não abdicar dos estudos universitários) e, de certa forma, menos mediático (por uma postura ‘low profile’), Tomás Silva tem dado indicações de que também ele poderá sonhar com uma carreira profissional.
«Pode ter um futuro bom no golfe», afiançou Nuno Campino, o selecionador nacional, que liderou a comitiva portuguesa. Dois anos seguidos no top-60 do golfe amador europeu não é para qualquer um e, mesmo comedido, Tomás Silva começa a sentir os efeitos de uma confiança reforçada: «Muito sinceramente, penso que a maneira como bati na bola esta semana tinha qualidade para lutar pelo top-ten. Quem me viu a jogar sabe disso. Apenas estive muito mal no putt e por isso considero que estou bastante abaixo da elite europeia porque eles não deixam escapar as oportunidades que eu deixei».
Um bom sinal de um nível de jogo a consolidar-se de forma consistente é o facto de há dois anos seguidos viajar para o Europeu (Escócia em 2014 e Eslováquia em 2015) depois de conseguir 2º lugares no Open da Ilha Terceira, para profissionais. Há um ano, no Dukes Course de St. Andrews, o triplo campeão nacional amador obteve uma das melhores classificações de sempre do golfe português em Europeus, um 9º lugar, com 5 pancadas acima do Par (voltas de 73, 71, 72 e 73), em condições duras, típicas dos campos links.
Desta feita, num campo bem diferente e com bom tempo os resultados foram bem melhores, 281 pancadas, 7 abaixo do Par do Legend Course do Penati Golf Resort, em Šajdíkové Humence, mas a classificação foi mais modesta, o 55º posto empatado com outros cinco jogadores. Importava saber se o campeão nacional amador considerava que os melhores resultados deste ano se deviam apenas às melhores condições de jogo na Eslováquia ou se também sentia estar melhor jogador em competições desta importância.
Ao Gabinete de Imprensa da FPG, respondeu: «É uma mistura dos dois factores. Sinto que tenho aprendido com os erros e neste torneio cometi poucos erros não forçados. Mas as condições que apanhámos no ano passado foram exactamente o contrário deste ano, com chuva, frio e vento, enquanto este ano houve muito calor, pouco vento, o que facilita um pouco. E claro, o tipo de campo. No ano passado era uma mistura de links e este campo era mais aberto».
Na última volta de hoje fez 3 birdies e 2 bogeys, e Nuno Campino ficou com a ideia de que poderia ter sido bem melhor: «O Tomás jogou bem do tee ao green, eu diria brilhantemente, mas o seu putt não quis nada com ele hoje. O dia estava mais difícil e até talvez tenha sido o melhor dia de jogo em campo do Tomás. Por isso, há que treinar o putt e ser mais eficaz no jogo curto». Para o cascalense de 22 anos, foi «uma semana positiva». «Apesar do pequeno (grande) azar que tivemos no inicio do campeonato (extravio de malas, não fazer volta de treino e jogar no primeiro dia com tacos alugados), foi uma semana positiva, senti-me muito bem fisicamente, joguei bem, faltou apenas alguma confiança e determinação nos greens», escreveu na sua conta oficial no Facebook.
Tomás Silva tinha garantido ontem que Portugal teria um representante na última volta do pelo oitavo ano consecutivo, juntando-se a outros quatro portugueses: em 2008 Pedro Figueiredo (35º), em 2009 Pedro Figueiredo (39º) e Nuno 
Henriques (56º), em 2010 Pedro Figueiredo (41º), em 2011 Gonçalo Pinto (37º), em 2012 Gonçalo Pinto (4º), em 2013 João Carlota (11º) e em 2014 Tomás Silva (9º).
João Girão e Vítor Lopes, os outros dois portugueses que competiram na República Eslovaca, falharam o cut aos 54 buracos.
O 28º International European Men’s Amateur Championship foi conquistado pelo italiano Stefano Mazzoli com 269 (65+67+69+68), -19, batendo por 1 o irlandês Gary Hurley que comandava aos 54 buracos. Mazzoli esteve este ano no Campeonato Internacional Amador de Portugal, no Montado, em Palmela, onde foi 58º e falhou o cut. A sua melhor classificação de 2015 antes deste Europeu fora o 3º lugar no Campeonato Internacional Amador de Itália.
Os resultados e classificações finais dos portugueses foram os seguintes:
Passou o cut
55º (empatado, era 81º, 61º e 57º) Tomás Silva, 210 (72+69+69+71), -7
Falharam o cut
108º (empatado, era 116º e 129º) João Girão, 218 (74+76+68), +2
131 (empatado, era 63º e 112º) Vítor Lopes, 224 (71+75+78), +8
Artigo escrito por Hugo Ribeiro, ao abrigo da parceria entre a Federação Portuguesa de Golfe com o Semanário SOL.
