Amigo de Renato pede ajuda a Portugal

Preso nos EUA pela morte do cronista Carlos Castro em Janeiro de 2011, Renato Seabra apenas tem uma certeza em relação ao seu processo: está agendada uma audiência para pedir a liberdade condicional para Setembro de 2035. Só aí será avaliado por uma comissão norte-americana se o português pode sair no ano seguinte quando cumprir…

Apesar disso, os amigos do ex-modelo não desistem e há dois meses um deles escreveu ao Ministério dos Negócios Estrangeiros a pedir às autoridades que tentem reduzir a pena de Renato Seabra, alertando ainda para as más condições da cadeia de alta segurança onde está o português.

Mas a resposta dada pela Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesa foi a de que o jovem de Cantanhede, que faz em Outubro 26 anos, só poderá ver esta sentença reduzida por decisão dos tribunais americanos, apurou o SOL.

Condenado por homicídio em segundo grau em Dezembro de 2012, só terá direito a liberdade condicional a partir de 1 de Março de 2036. Se nessa altura o pedido de libertação for recusado pela Justiça americana, Renato pode fazer um novo apelo de dois em dois anos. No limite, poderá ficar preso toda a vida. A sua extradição para Portugal é outra hipótese afastada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, já que a pena a que foi condenado colide com a lei portuguesa, que fixa em 25 anos a sentença máxima.

Aulas de marcenaria na cadeia

Desde Fevereiro que Renato Seabra está a receber formação em construção civil na cadeia de Clinton, no Estado de Nova Iorque – conhecida como a pequena Sibéria pelas baixas temperaturas da região. As aulas de técnicas de marcenaria ou de reboque de paredes ocupam-lhe todos os dias da semana e são um dos cursos oferecidos aos 2.659 reclusos da cadeia de segurança máxima, confirmou o SOL junto da prisão norte-americana. Já trabalhou na fábrica de vestuário da prisão e foi sacristão na Igreja de São Dimas, situada no interior do estabelecimento.

A mãe do jovem, Odília Pereirinha, regressou entretanto ao centro de saúde de Cantanhede, onde trabalha como enfermeira, e recusa falar do filho. O SOL sabe, contudo, que continua a viajar para os EUA para visitar Renato, mas já não fica alojada em casa ou no hotel do grupo de portugueses que a acolheram durante os primeiros tempos. Na prisão, Renato também já recebeu visitas da irmã, Joana, médica de clínica-geral, e do cunhado, José. Renato até já viu a sobrinha Maria, que nasceu depois de o jovem ser preso por assassínio, mas ainda não conhece o seu sobrinho recém-nascido, Afonso.

joana.f.costa@sol.pt