FMI considera reforma cambial na China um bom passo para abertura do mercado

O Fundo Monetário Internacional (FMI) saudou hoje a decisão da China de reformar o seu sistema cambial como “um bom passo” para a abertura e flexibilização do mercado de divisas da segunda economia mundial.

Em comunicado enviado à agência Efe, o FMI afirma que o novo mecanismo para determinar a paridade do yuan anunciado pelo Banco Popular da China — banco central — "parece um bom passo", já que "deve permitir que as forças do mercado desempenhem um papel mais importante para determinar a taxa de câmbio".

A instituição financeira dirigida por Christine Lagarde adverte, contudo, que o "exato impacto" vai depender da forma como será aplicado o novo mecanismo.

O FMI assinalou também que uma maior flexibilidade no câmbio é importante para uma China que "se esforça para dar às forças do mercado um papel decisivo na economia e se está a integrar rapidamente nos mercados financeiros globais".

"Acreditamos que a China pode — e deve — tratar de conseguir um sistema de câmbio que flutue de forma eficaz entre dois e três anos", indicou o organismo.

Quanto à eventual inclusão do yuan no cabaz de divisas que compõem a SDR [direitos de saque especiais, na sigla em inglês, ou seja, a bolsa de moedas que o Fundo utiliza internamente], a instituição indicou que as medidas anunciadas por Pequim "não têm implicações diretas" nos critérios que usa para esse efeito.

No entanto, acrescentou que uma taxa de câmbio mais determinado pelo mercado "facilitaria" as operações da SDR no caso do yuan ser incluído nesse cabaz.

A China anunciou, esta terça-feira, a desvalorização do yuan em quase dois por cento face ao dólar norte-americano, a maior revisão em baixa do valor da sua moeda em duas décadas, e reformou o sistema cambial para estimular a sua economia — a segunda maior do mundo –, após a queda do comércio externo.

Neste sentido, o Banco Popular da China anunciou uma renovação do mecanismo de fixação da taxa de câmbio com vista a aproximá-lo do seu real valor de mercado.

A inesperada decisão de Pequim representa, na perspetiva de analistas, um reconhecimento da crescente preocupação das autoridades chinesas relativamente à desaceleração do gigante asiático que vê as previsões situarem o crescimento para 2015 e 2016 abaixo dos 7% ao ano.

Lusa/SOL