Em conferência de imprensa, hoje, em Lisboa, o dirigente da FNAM Mário Jorge Neves criticou o desinvestimento progressivo nos serviços públicos, ao mesmo tempo que se apoia "cada vez mais o crescimento dos setores privado e social".
"Pode ver-se em qualquer local do país que existe uma relação clara e direta entre serviços públicos que são amputados e a proliferação, ao lado, de algumas clínicas de alguns conhecidos grupos económicos", afirmou.
Para Mário Jorge Neves, isto torna-se mais grave quando o crescimento do privado não é feito com base na competição de sistemas ou no aumento do poder de compra dos cidadãos, mas sim através de dinheiros públicos dos subsistemas de saúde: "Essas estruturas [privadas] são mantidas e viabilizadas, mas é à mesma com dinheiros públicos dos subsistemas de saúde".
O dirigente da FNAM lembrou ainda que, em muitas situações, fica mais caro ao cidadão pagar uma taxa moderadora no hospital do que pagar numa clínica ou unidade privada.
Na conferência de imprensa em que avaliou as políticas de saúde do Governo, a FNAM criticou ainda nomeações de dirigentes da saúde num período próximo das eleições legislativas.
A presidente da FNAM, Merlinde Madureira, deu o exemplo de dirigentes nomeados para as administrações regionais de saúde, onde considera que há escolhas que são políticas.
"Sob a capa da pseudo-independência da Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CRESAP), esses profissionais aparecem nomeados nesta altura para períodos de três, cinco ou até 10 anos. Quando se aproxima um período eleitoral, nomeiam-se para lugares de grande importância estratégica quem já lá estava e, à partida, não tinha competência para ocupar o lugar", disse.
A dirigente sindical indicou que foram feitas reconduções de pessoas que inicialmente não reuniam condições para o cargo, segundo os critérios de recrutamento, mas que, pela passagem por essas funções, conseguiram ser reconduzidos "com o visto da CRESAP".
Lusa/SOL