Milhares de assaltos nas praias

Vai à praia? Mantenha-se bem atento a tudo o que se passa à sua volta. As estatísticas mostram uma realidade impressionante: todos os anos milhares de pessoas são vítimas de furtos no areal ou nas imediações da praia – seja em bares ou nos parques de estacionamento.

Nos últimos três anos, as autoridades registaram mais de dez mil furtos e também pequenos roubos por esticão em zonas balneares de Norte a Sul do país. Perante a dimensão do fenómeno, a GNR decidiu lançar este ano uma campanha inédita para alertar os veraneantes para os perigos e os cuidados a ter à beira-mar.

Só nas zonas balneares da responsabilidade desta força de segurança registaram-se, neste período, quase nove mil casos nos meses de Verão, entre Junho e Setembro. Mais de metade (8.716) foram furtos de objectos no interior de veículos estacionados em parques contíguos às praias. Logo a seguir, são os furtos de oportunidade os mais frequentes (1.543 casos): ocorrem geralmente em pleno areal, quando as pessoas se encontram afastadas dos pertences, deixando-os à mão de semear. E estes têm aumentado de ano para ano: passaram de 431 em 2012 para 596 em 2014.

Norte-americana ficou sem a chave do carro

“Normalmente os ladrões preferem bens de pequena dimensão, fáceis de transportar e de vender”, explica o capitão Silva, da GNR, referindo-se a carteiras, telemóveis, máquinas fotográficas, tablets e outros equipamentos deste género.

“As pessoas são muito distraídas e não se apercebem de nada, só dão conta quando vão embora”, diz ao SOL o comandante Mendes Cabeças, da Polícia Marítima, acrescentando que mais de metade das vítimas são turistas. “Muitas vezes deixam os objectos à vista nos carros e os ladrões já estão à espreita”, acrescenta.

Ainda este domingo, na praia da Batata, em Lagos, duas pessoas foram vítimas de furto: a uma cidadã norte-americana levaram todos os documentos pessoais, cartões bancários e o telemóvel, e a uma portuguesa levaram uma pequena bolsa onde tinha dez euros e a chave do carro. Os casos estão a ser investigados pela Polícia Marítima, que tem a competência exclusiva de fiscalizar o areal das praias.

Nos últimos três anos, esta Polícia registou 248 furtos de oportunidade em zonas balneares. “Cerca de 80% dos casos ocorrem em praias do Algarve”, refere Mendes Cabeças, acrescentando que desde que o Verão começou, este ano, a Polícia Marítima tem registado em média, por dia, três a seis furtos em praias do Sul do país.

Falta de testemunhas e de câmaras dificulta detenções

Mas também há quem recorra à violência para ficar com um simples telemóvel.

Nos últimos três anos, a PSP registou, durante os meses de Verão, 915 furtos e roubos. E, tal como na área da GNR e da Polícia Marítima, a larga maioria das ocorrências foi no interior de veículos estacionados em parques. Houve, no entanto, 61 situações em que foi usada violência, entre as quais 16 roubos por esticão.

Identificar e deter estes ladrões é uma tarefa difícil. “Não podemos esquecer que os furtos são normalmente praticados quando não há testemunhas em redor e em zonas onde não há videovigilância”, explica fonte oficial da direcção nacional da PSP, acrescentando: “Quanto aos roubos, apesar de haver interacção entre suspeito e vítima, a esmagadora maioria das situações é muito rápida e as vítimas têm muita dificuldade em reconhecer os suspeitos”.

Nestes três anos, apenas duas pessoas foram detidas em flagrante delito, em 2012: uma por furto, no Estoril, e outra em Carcavelos por roubo na via pública.

No mesmo período, a Polícia Marítima deteve 33 pessoas e a GNR 432 (a maioria do sexo masculino e com mais de 24 anos).

A maior parte dos furtos, na área da Polícia Marítima, foram praticados em grupo.

sonia.graca@sol.pt