Cerca de meia centena de manifestantes gritaram palavras de ordem como "1,2,3 Lula e Dilma no xadrez" ou "chega de corrupção, fora Dilma" ou ainda "Lula cachaceiro devolve o meu dinheiro", pedindo que a Presidente do Brasil se afaste da cena política e seja acusada pela justiça pelos escândalos de corrupção na petrolífera Petrobras e outros.
Cristina Costa, uma das manifestantes que está a viver em Portugal há cerca de um ano, declarou à Lusa que os brasileiros estão "contra este desgoverno" e perguntou o que é preciso "acontecer mais para este governo sair?".
Para a manifestante, o braço direito de Lula da Silva, atualmente preso pela segunda vez, "deveria falar e colocar muita gente lá dentro com ele", acrescentando que o Partido dos Trabalhadores (PT), de Dilma Roussef, destruiu "a Petrobras, uma empresa em que os brasileiros tinham orgulho".
Cristina Costa queixou-se ainda do custo de vida no Brasil: "a luz está um absurdo, os impostos subiram e desde o plano real na época de Fernando Henrique não havia a inflação que temos agora", mas o que a preocupa mais são "todos esses escândalos, desde o mensalão, o petrolão, e agora o BNDES [banco estatal de financiamento à economia] que agora está a ser investigado".
António Eugénio, outro dos manifestantes que está apenas há um mês em Portugal, disse que emigrou porque o PT, "de certa forma, está 'bolivarizando' a política brasileira, transferindo para si os parcos recursos nacionais em detrimento do povo que precisa de recursos na área da saúde e segurança".
O manifestante diz estar preocupado com "o aparelhamento do PT na política brasileira" em que o partido de Dilma Roussef "domina até ao quinto escalão", sendo "uma vergonha nacional".
Segundo António Eugénio, o PT "tomou conta de todas as empresas e estão fazendo que o país transfira dinheiro para organizações que são escusas aos interesses dos brasileiros".
Mariana Ripes, que representa o movimento "Brasil Livre" e o movimento "Vem Prá Rua" na Europa, refere que a adesão à manifestação por parte dos brasileiros em Lisboa "é benéfica" e lamenta que alguns dos seus conterrâneos tenham "medo de alguma represália política".
A organizadora acrescentou, no entanto, que os dois movimentos vão continuar com manifestações "enquanto o PT estiver no poder".
Os protestos foram convocados pela rede social 'Facebook' e, para além de Lisboa e Porto, estão previstas manifestações em mais 188 países, dentro e fora do Brasil, tendo como denominador comum as críticas à Presidente brasileira Dilma Rousseff e o seu governo.
Entre as cidades brasileiras com protestos marcados estão Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Salvador (na Baía), Belo Horizonte, Curitiba e outras capitais de todas as regiões do país.
No exterior, há concentrações previstas em Bariloche (Argentina), em Dublin (Irlanda), em Londres (Inglaterra), em Miami, Nova Iorque, Seattle e Washington (Estados Unidos), em Milão (Itália), em Sydney (Austrália) e em Toronto (Canadá).
Os principais movimentos líderes da manifestação são o "Vem Prá Rua", "Movimento Brasil Livre" e "Revoltados Online", todos de oposição ao Governo atual do país.
Desta vez, o principal partido de oposição, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB, de Aécio Neves), convocou os militantes para o protesto em publicidade emitida na televisão.
Lusa/SOL