Sendo tudo tão evidente, o que mudou entretanto para que o CDS e o PSD desencadeassem um tal charivari de protestos? Cecília Meireles acusa o PS de “receio em debater com Portas”, afirmando que a sua “exclusão põe em causa a pluralidade”. E até Passos Coelho veio a terreiro opinar que acha “estranho estar a excluir o CDS dos debates pré-eleitorais”. Mas não pensaram nisso antes? Não tinham já percebido que seria assim? Qual a estranheza, afinal?
O PS diz que Costa só fará frente-a-frentes com Passos e que, se Portas for convidado, enviará Carlos César para debater com ele. Ora, em vez de se andar a lamuriar do óbvio talvez não fosse má ideia a coligação aceitar esses debates. E marcar alguns pontos com o talento oratório e argumentativo de Portas.
Aeste propósito, ouviram-se algumas vozes, politicamente muito correctas e muito ingénuas, a alegar que se o CDS entrasse nos debates também o PEV, coligado com o PCP, deveria participar. Mas não, não é a mesma coisa. Não, não há comparação possível. O PEV/Verdes é uma organização de fachada criada pelo PCP em 1982, para aparecer nos boletins de voto como frente eleitoral. O PEV nunca se atreveu, em mais de 30 anos, a concorrer autonomamente e isolado, a mostrar o que vale em eleições. O PEV é, no Parlamento, apenas uma estridente caixa-de-ressonância do PCP, que serve para lhe duplicar alguns tempos de intervenção.
Comparar este partido satélite do PCP com o CDS revela falta de honestidade intelectual ou cegueira ideológica. Comparar Heloísa Apolónia com Paulo Portas só pode ser brincadeira. De mau gosto.