Debates, Portas, CDS e PEV

Há pouco mais de um mês, PSD e CDS aprovaram a nova lei das campanhas eleitorais e os próprios representantes da maioria admitiram ao SOL que Paulo Portas poderia ficar fora dos debates e frente-a-frentes televisivos. Carlos Abreu Amorim, pelo PSD, não via “nenhuma razão para dúvidas”, pois a nova lei só obriga “a incluir…

Sendo tudo tão evidente, o que mudou entretanto para que o CDS e o PSD desencadeassem um tal charivari de protestos? Cecília Meireles acusa o PS de “receio em debater com Portas”, afirmando que a sua “exclusão põe em causa a pluralidade”. E até Passos Coelho veio a terreiro opinar que acha “estranho estar a excluir o CDS dos debates pré-eleitorais”. Mas não pensaram nisso antes? Não tinham já percebido que seria assim? Qual a estranheza, afinal?

O PS diz que Costa só fará frente-a-frentes com Passos e que, se Portas for convidado, enviará Carlos César para debater com ele. Ora, em vez de se andar a lamuriar do óbvio talvez não fosse má ideia a coligação aceitar esses debates. E marcar alguns pontos com o talento oratório e argumentativo de Portas.

Aeste propósito, ouviram-se algumas vozes, politicamente muito correctas e muito ingénuas, a alegar que se o CDS entrasse nos debates também o PEV, coligado com o PCP, deveria participar. Mas não, não é a mesma coisa. Não, não há comparação possível. O PEV/Verdes é uma organização de fachada criada pelo PCP em 1982, para aparecer nos boletins de voto como frente eleitoral. O PEV nunca se atreveu, em mais de 30 anos, a concorrer autonomamente e isolado, a mostrar o que vale em eleições. O PEV é, no Parlamento, apenas uma estridente caixa-de-ressonância do PCP, que serve para lhe duplicar alguns tempos de intervenção.

Comparar este partido satélite do PCP com o CDS revela falta de honestidade intelectual ou cegueira ideológica. Comparar Heloísa Apolónia com Paulo Portas só pode ser brincadeira. De mau gosto.

jal@sol.pt