Já se sabe que a Alemanha é quem mais tem lucrado com a actual crise europeia, e portanto lhe convém mantê-la. Merkel fê-lo com segurança, apresentando como resultado favorável a inexistência de extremismos na Alemanha, com hipóteses eleitorais (embora sem se preocupar em os espalhar pelo resto do Continente).
Simplesmente, ele soltou demónios e venenos, de que prova agora o sabor, ao sugerir que querem aproveitar-se das ajudas da Alemanha, e contestando que tenham direito a isso mesmo os que tanto ajudaram financeiramente a Alemanha (como foi o caso da Grécia, destruída e espoliada pelos nazis na II Guerra).
A verdade é que este Schäuble, que se portara com a devida discrição enquanto trabalhara com Kohl, tornou-se agora ganancioso, e quer a Alemanha a lucrar muito mais do que tem feito, pondo a sua pata ávida sobre o resto dos países da UE. Já sem vergonhas ou prudências. Mas parece que temos de passar por um processo como o das Guerras anteriores. Reagir muito tempo apaziguadoramente, dando-lhe razão, e só lhe fazendo frente quando for tarde demais e tivermos de pará-lo de forma dolorosa para todos. Para já a mensagem que ele recebe é a de que pode continuar, que todos gostam de ouvi-lo: os alemães, apoiam-no com o mesmo fervor com que apoiaram Hitler; e muitos dos europeus responsáveis, com o mesmo respeito com que antecessores seus aceitaram os ditames de uma Alemanha de garras afiadas contra eles. Não digo que vamos ter saudades de Merkel, embora lhe reconheça um certo estatuto político. Mas de Schäuble não teremos com certeza.