Cabo junta um terço dos espectadores

Desde 2012 que os canais por cabo vêm conquistando terreno aos chamados canais generalistas (RTP, SIC e TVI). E neste momento, segundo dados da CAEM/Mediamonitor, já quase um terço da população que vê televisão está sintonizada num desses canais.

Em Março de 2012 (quando as audiências passaram a ser medidas pela CAEM/Mediamonitor), uma em cada quatro pessoas que estavam a ver televisão estava a sintonizar um canal no cabo, ou seja, o share era de 25%. Em Julho de 2015, essa percentagem subiu para 32% – bem à frente da campeã das generalistas, a TVI, cuja audiência média em Julho foi de 21,5%. Ou seja, em pouco mais de três anos o cabo conquistou uma fatia de mercado equivalente a 7 % do bolo total.

E os números do share (ou quota de audiência, uma ferramenta para os anunciantes decidirem onde colocar a publicidade) podem até estar enviesados. Os especialistas do sector reconhecem uma tendência – permitida pela tecnologia – de gravar programação para ver mais tarde, ou de recorrer ao serviço de visionamento para trás de programas já emitidos. Sabe-se que um público mais conservador, típico das estações generalistas, vê sobretudo a televisão em directo, ou seja o que está exactamente a passar. Os consumidores do cabo são mais adeptos de um visionamento diferido, ou seja, acumulam para ver quando têm tempo disponível. Mas o que é possível medir neste momento é a televisão em directo.

O termo que se está a impor para este consumo é o de ‘televisão linear’. E é também a televisão linear que está a perder clientes em todo o mundo, à medida que operadores de televisão via internet se impõem (como a Netflix, cujo serviço arranca em Portugal, em Outubro, ou a Amazon Prime e a Hulu Plus nos EUA).

Novas formas de medição de audiências

Para conseguir uma análise mais fina das audiências, a CAEM/Mediamonitor está a criar ferramentas de medição de audiência que possam distinguir os vários tipos de visionamento, neste momento colocados indiferenciadamente numa categoria designada por ‘Outros’. Não se sabe ainda, porém, quando irão essas ferramentas entrar em funcionamento.

O que é certo é que o espectador de televisão tem vindo a ser cada vez mais especializado nas suas escolhas e cada vez mais racional na gestão do seu tempo: não espera e vê o que quer quando quer.

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