O convite para participar "numa exposição normal, mas na rua", foi feito em junho, contou Wasted Rita à Lusa. "Pediram-me quatro dos meus cartazes para espalhar pelo festival e eu aceitei. Nunca me deram muitas informações sobre o festival, nem sítio, nem data, nem nomes, por isso fui perdendo o interesse", recordou.
Cerca de um mês depois, Wasted Rita, como a própria prefere ser chamada, foi informada que Banksy queria colar os quatro trabalhos na parede de um castelo. "Fiquei uma hora a achar que era alguém a gozar comigo", confidenciou.
Só nessa altura ficou a saber tratar-se de uma exposição com a curadoria de Banksy (de quem não se conhece a verdadeira identidade) e que "ele queria não só expor esses quatro cartazes, mas também fazer um 'remake' da instalação que tinha realizado na semana anterior, num festival de música, e ter algumas das edições de 't-shirts' minhas à venda na loja da exposição".
Aí foi "o histerismo total".
Wasted Rita faz desenhos, ilustrações e escreve teorias sobre o que a rodeia.
Para a "Dismaland", Banksy escolheu cartazes antigos da portuguesa que dizem: "You're giving me massive diarrhea" ("Estás a dar-me diarreia maciça"), "Bankrupt is the new awesome" ("Bancarrota é a nova cena"), "I have no fucking idea what I am doing in this world" ("Não faço ideia o que estou a fazer neste mundo") e "The more I know people the more I love snakes" ("Quanto mais conheço as pessoas mais gosto de cobras").
Além disso, Rita irá replicar, na "Dismaland", a parede "Love Letters" ("Cartas de amor") que criou no Parque das Nações, em Lisboa, durante o festival SuperBockSuperRock, no passado mês de julho.
O "Dismaland Bemusement Park", situado em Weston-Super-Mare, é apresentado, no sítio oficial da iniciativa na internet, como "um festival de arte, diversões e anarquia para principiantes", que funcionará apenas durante cinco semanas, a partir de hoje, até 27 de setembro, e tem um número de entradas limitado.
Este parque de diversões inclui um castelo, um cinema, mini-golf, uma tenda de circo e a "Guerrila Island" (Ilha da Guerrilha), uma celebração da arte de guerrilha, que inclui 'workshops' em "como 'hackar' painéis de publicidade".
Na "Dismaland" há também três galerias de arte, onde será possível ver "a melhor coleção de arte contemporânea alguma vez criada numa cidade costeira do North Somerset", zona vizinha, na Inglaterra.
O nome resulta da conjugação de "dismal" (sombrio) com Disneylândia, e remete para uma visão crítica da realidade, que não deixa esquecer a guerra e a situação dos refugiados.
O projeto, definido como um dos maiores do artista, foi mantido em sigilo, até à passada quinta-feira.
O comunicado citava Banksy, que define "Dismaland" como "uma exposição de arte e entretenimento para anarquistas principiantes", "um parque temático familiar inadequado para crianças".
Um acidente com a carruagem de Cinderela, o seu castelo em ruínas e a visão distorcida de uma Pequena Sereia são algumas das instalações.
Todas as sextas-feiras haverá concertos, com bandas e artistas como DJ Yoda, Run The Jewels, Savages, Pussy Riot e Massive Attack.
Damien Hirst e Julie Burchill (Reino Unido), Axel Void (Estados Unidos), Fares Cachoux e Tammam Azzam (Síria), Lush (Austrália), Mana Neyestani (Irão), Neta Harari Navon (Israel), Paco Pomet (Espanha), Sami Musa, Shadi Alzaqzouq e Suliman Mansour (Palestina) são outros dos 40 artistas de "Dismaland", além de Banksy e de Wasted Rita.
Os bilhetes para o "Dismaland", quatro mil por dia com um custo de três libras cada, só podem ser adquiridos no site oficial do parque.
Lusa/SOL