Depois da incursão do Estado Islâmico pelo Deserto do Sinai, a junta militar liderada por Abdel Fatah El-Sisi encontrou razões para intensificar a opressão à sombra do terrorismo. Segundo a AI, mais de 40 mil pessoas foram detidas desde o golpe de Estado que destronou da presidência Mohammed Morsi, o líder da Irmandade Muçulmana que chegara ao poder nas primeiras eleições democráticas após o derrube de Mubarak. A grande maioria foi detida em manifestações e espera ainda a formalização das acusações.
Como “prejudicar a unidade nacional” é vista como terrorismo, esses suspeitos serão julgados à luz da lei aprovada pelo Presidente no último domingo. Ela instala tribunais especiais que têm como objectivo acelerar os processos, dá imunidade às forças de segurança que recorram à força perante “uma ameaça real ou iminente” e acaba com o limite de dois anos de prisão preventiva. E nem os jornalistas escapam ao novo Estado policial, pois todas as notícias relacionadas com ataques terroristas poderão conter apenas os números avançados pelo Governo. Caso contrário sujeitam-se a multas que vão de 23 a 58 mil euros – uma exorbitância num país com um salário mínimo de 150 euros, mas que acaba por ser melhor do que os dois anos de prisão sugeridos na primeira versão da lei.