Quem passa à 2.ª volta: Nóvoa ou Maria de Belém?

Quem irá passar à 2.ª volta das presidenciais no centro-esquerda: Sampaio da Nóvoa ou Maria de Belém? Se houver 2.ª volta, claro. À partida, Nóvoa parecia ter toda a vantagem: recebera a bênção de três ex-Presidentes, Eanes, Soares e Sampaio, tinha o pré-compromisso de apoio (se não oficial, pelo menos informal) do aparelhismo e de…

Mas a entrada de Maria de Belém na corrida veio baralhar as contas. Por muito que os apoiantes de Belém se limitem a figuras de terceira linha (para lá do nome sonante de Manuel Alegre), a verdade é que a sua candidatura abre várias fracturas num PS pouco ou nada entusiasmado com o perfil de Nóvoa.

Ora, admite-se que haverá entre 45% a 55% dos votos para repartir pelo centro-esquerda (e outro tanto pelo centro-direita). E sabe-se que o PCP apresenta, por norma e tradição, candidato do partido à 1.ª volta (o qual só desiste em cenários de excepção, como fez a favor de Zenha em 86 ou de Sampaio em 96, o que não é agora o caso). Tal como o BE, que queria Carvalho da Silva a correr para Belém e não Nóvoa, deverá avançar com «um candidato próprio» (a exemplo de Louçã em 2006 e de Rosas em 2001), como agora já pré-anunciou João Semedo. Se os candidatos do PCP e BE somarem à 1.ª volta um valor próximo dos 15%, sobrarão, no máximo, 40% para dividir entre Maria de Belém e Nóvoa. E aí será provável uma repartição muito próxima dos votos, com ambos um pouco acima ou ligeiramente abaixo dos 20%. Com Sampaio da Nóvoa a correr o risco, até há pouco improvável, de ficar atrás de Maria de Belém.

António Costa, preocupado com estas divisões, considerava há dias que «não seria certamente positivo que a esquerda repetisse esse espectáculo» que a direita está a dar com a disputa entre vários candidatos presidenciais. Já Sampaio da Nóvoa opina que «quanto mais candidatos houver, melhor» e jura que vê «com muito agrado» o avanço de Maria de Belém. E que tal entenderem-se?

Será bom para o PS e para o seu líder que, tal como em 2006 com Soares e Alegre, o partido se fragmente entre candidaturas? E que, ainda por cima, tal como em 2006, o líder do PS fique colado à candidatura perdedora?

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