"A paz que assinamos hoje contém tantas coisas que devemos rejeitar (…) Ignorar tais reservas não seria no interesse de uma paz justa e duradoura", declarou Kiir, antes de assinar o documento perante dirigentes da região.
Criticando "cláusulas prejudiciais" do acordo, Kiir entregou aos mediadores e aos dirigentes da região um documento de 12 páginas sobre as reservas do seu governo. Não precisou os pontos em causa, mas assegurou que seriam divulgados.
Segundo responsáveis sul-sudaneses, a desmilitarização de Juba ou a larga representação acordada aos rebeldes no quadro da partilha do poder local no estado petrolífero do Alto Nilo colocam problemas.
Este acordo "não é nem a Bíblia, nem o Corão, porque é que não poderá ser reanalisado", questionou Kiir. "Deem-nos tempo para ver como podemos corrigir estas coisas", adiantou, embora os mediadores tenham afirmado que o acordo é definitivo e não alterável.
O "Acordo de Resolução do conflito no Sudão do Sul" foi assinado a 17 de agosto em Adis Abeba pelo antigo vice-presidente Riek Machar, chefe dos rebeldes que enfrentam as forças governamentais desde dezembro de 2013. Kiir recusou assinar o acordo na mesma altura e pediu 15 dias para "consultas".
O chefe dos negociadores da parte governamental sul-sudanesa, o ministro da Informação, Michael Makuei, qualificou o acordo de "capitulação inaceitável".
Kiir criticou ainda "as mensagens de intimidação" que recebeu, numa referência às ameaças de sanções evocadas pela comunidade internacional.
O Sudão do Sul, o mais jovem Estado do mundo, proclamou a sua independência em julho de 2011 após décadas de conflito contra Cartum. Voltou à guerra em dezembro de 2013 com combates no seio do exército sul-sudanês, minado por conflitos político-étnicos alimentados pela rivalidade entre Kiir e Machar à frente do regime.
O conflito, marcado por massacres e atrocidades, causou dezenas de milhares de mortos e 2,2 milhões de deslocados. As demoradas negociações em Adis Abeba tinham resultado até agora em vários cessar-fogos sempre desrespeitados.
Lusa/SOL