"Vou sempre às festas da Agonia, e no ano passado, quando assistia à festa do traje, disse para mim que ia fazer um vestido de noiva monumental. Foi a própria festa que me inspirou, porque eu sou festeiro e gosto destas tradições", explicou hoje o costureiro 52 anos.
Fernando Lima adiantou que o vestido, apresentado publicamente durante a festa do traje da Romaria da Agonia, "ainda não está à venda", mas garantiu que "interessados não faltam".
"Foi o primeiro vestido que fiz sem ter um cliente específico. Para já quero promovê-lo, até internacionalmente, e depois sim, vendê-lo. O vestido é o mote para um projeto de roupa inspirada nos trajes regionais de Portugal, que são demasiado bonitos para serem utilizados apenas num dia de festa", afirmou o sócio da Goldinsigne Design, empresa que assina a criação.
A criação, inspirada no traje de noiva de Viana do Castelo, que já esteve em exposição no Museu do Traje de Viana do Castelo, encontra-se atualmente no ateliê do costureiro portuense que há 25 anos se dedica à confeção de vestidos de noiva e de noite.
A Vianafestas, a entidade que organiza da Romaria da Agonia, explicou na página oficial nas redes sociais, hoje consultada pela Lusa, que a criação de Fernando Lima, em seda natural e veludo preto, tem o típico coração de Viana bordado, à mão, na cauda da saia, num trabalho que chegou a envolver cerca de 17 horas por dia.
A vereadora da Cultura da Câmara de Viana do Castelo, Maria José Guerreiro, citada naquela página, afirmou que "estas criações contemporâneas reforçam o interesse suscitado pelo traje tradicional, e constituem um atrativo para novos públicos e novas áreas de mercado".
A responsável, que é também presidente da VianaFestas, recordou que em 2014 a festa do traje "teve no Coração Independente Vermelho de Joana Vasconcelos o seu destaque, dando lugar este ano ao vestido inspirado no traje de noiva tradicional de Viana do Castelo confecionado por Fernando Lima".
Atualmente em processo de certificação o "traje à vianesa" em linho, nas suas várias cores características e formas, é um símbolo da região que a mulher de Viana envergou até aos finais do século XIX consoante a ocasião, momento da vida e o seu estatuto.
O uso do ouro manifestava a riqueza da família, mas sobretudo o orgulho da mulher.
As características deste traje, como o seu colorido e a profusão de elementos decorativos, permitem identificar facilmente a região de origem, no concelho, motivo pelo qual se transformou, segundo os especialistas, "num símbolo da identidade local".
A riqueza da história do traje demonstra-se igualmente no espírito da mulher de Viana do Castelo na atualidade, que faz questão de ir à festa, com a sua 'chieira', engalanada com o ouro de filigrana, e uma peça de roupa típica.
Lusa/SOL