O partido de Artur Mas, a Convergència Democràtica de Catalunya (CDC), apresenta-se nas eleições autonómicas de 27 de setembro com um programa que visa a independência da Catalunha.
A operação policial surge a poucas horas do primeiro grande ato de pré-campanha da coligação "Junts pel sí" (Juntos pelo Sim) – que integra a CDC, organizações da sociedade civil e vários partidos de esquerda.
Francesc Homs, conselheiro da presidência da Generalitat [Governo Regional da Catalunha], considerou hoje que a operação policial na Fundación CatDem é uma manobra "dos poderes do Estado" espanhol para prejudicar a CDC nas eleições.
"É um ato de campanha eleitoral com o intuito de prejudicar. Nada tem a ver com a vontade de obter justiça. É para prejudicar e montar um espetáculo televisivo. Esta não é a forma de agir de Estado democrático e de Direito", afirmou Homs em conferência de imprensa no parlamento catalão.
Homs assegurou que elementos do Estado avisaram as várias televisões na noite de quinta-feira de que a polícia iria fazer buscas, o que – no seu entender – prova a vontade de prejudicar a CDC.
A plataforma liderada pela CDC – a "Junts pel sí" – encara as eleições de 27 de setembro como um plebiscito sobre a independência da Catalunha. Caso obtenha a maioria no parlamento catalão, pretende iniciar um processo de separação da Catalunha no prazo de ano e meio.
A operação policial da Guardia Civil está enquadrada numa investigaçãao ao alegado pagamento de comissões ilegais de 3% à CDC pela construtora Teyco, propriedade da família Sumarroca, com ligações ao partido.
Agentes da Guardia Civil de Tarragona, Barcelona e Madrid fizeram buscas pouco depois das 13:00 na sede da CDC, para recolher documentação. Logo pela manhã tinham feito buscas na sede da Fundación Catalanista y Demòcrata (CatDem), vinculada ao mesmo partido, bem como a quatro câmaras municipais catalães (Sant Cugat, Figueres, Sant Celoni e Lloret de Mar) que, alegadamente, terão adjudicado obras em troca de comissões.
Fontes judiciais citadas pela imprensa espanhola indicam que – quando ocorreram os alegados ilícitos – todos estes municípios tinha gestão de autarcas da CiU – a coligação Convergência e União (CiU) que então era composta pelo CDC.
A Procuradoria Anticorrupção tem vindo a reunir provas sobre o pagamento de comissões na Catalunha após o ex-presidente da Generalitat Pasqual Maragall ter acusado publicamente a CiU "de ter um problema com os 3%".
O CDC é o maior partido da Catalunha desde 1980, e já esteve sob a alçada da justiça. O seu fundador, Jordi Pujol, presidente da Catalunha durante 23 anos, foi investigado em 2014 por alegada corrupção e fraude fiscal.
Lusa/SOL