Nóvoa vê-se já como um fenómeno de popularidade. «Não passo no meio da rua sem que alguém não venha dizer-me alguma coisa». É um ser multifacetado, multicultural, um verdadeiro homem dos sete instrumentos. «Sou muitas vidas, muitas culturas, interesso-me por coisas muito diferentes, sou capaz de adoptar linguagens desde uma mais histórica até uma mais poética e até uma mais pedagógica». Mesmo no futebol foi um talento desperdiçado. «Fui para Coimbra para jogar na Académica, porque era louco por futebol e jogava muito bem». Considera-se um evangelista global. «Tenho uma mundivivência para o fenómeno religioso que pode ser importante nesta fase do mundo». É um anjo protector caído na Terra para espalhar as bem-aventuranças. «Vou passar os anos do meu mandato a ir às terras, a ir ter com as pessoas, porque precisam disso». E a sua influência astral obrigará até o Governo PSD/CDS a mudar de feição e de natureza. «Um Governo como o que temos agora, se vier a ser reconfirmado em sede de eleições, não será exactamente o mesmo se eu for Presidente e se eu não for Presidente».
Megalomania, prosápia, autoglorificação, mitomania – há de tudo um pouco nesta imagem distorcida que Nóvoa constrói no seu próprio espelho e apregoa aos crentes.
Mas o momento mais revelador da entrevista ocorre depois do candidato perorar sobre as vantagens de ter uma família grande como a sua (imensos irmãos, primos e tios) funcionando como escola de preparação para a vida.
Nóvoa é enfático: «Não consigo imaginar o que é ser filho único». A jornalista contrapõe: «Mas tem um só filho»… Ups! Afinal, deve conseguir imaginar. Fim de representação.