Se só vemos pessoas que na realidade não gostam de cinema (querem-no apenas como entretimento superficial e em que não é precisa demasiada atenção) a comerem pipocas nas salas (grunhindo no seu ruminar alarvão com um barulho e um cheiro insuportáveis, que matam qualquer hipótese de cinema a sério), imagina-se o que é irem assim assistir a um Shakespeare. Mesmo em salas em que o cinema é respeitado pelo proprietário, como as de Paulo Branco, as pipocas não são admitidas nem vendidas.
Com a certeza de que quem gosta de Shakespeare não o vai ver a comer pipocas (pode gostar de pipocas, mas noutro sítio), para quê deixar entrar numa sala em que passa uma peça sua gente com baldes de pipocas? Ah, sim, parece ser a ganância de alguns exibidores a quererem explorar a ignorância de certos públicos. Não deixa de ser grotesco.