Algés gourmet e em pé

Aberto a 8 de Julho último, este Mercado de Algés parece estar a funcionar muito bem, neste sistema de apresentar comida gourmet, com o incómodo de a ir buscar num tabuleiro, e depois ter de procurar lugar sentado.

Mas a verdade é que neste renovado espaço sente-se uma euforia satisfeita de uma clientela que enche os seus 500 lugares (nesta época em que as esplanadas são uma possibilidade). De qualquer modo, o sucesso está a ser tanto, que a Câmara de Oeiras, detentora do Mercado de Algés, já se prepara para uma solução semelhante em Paço d’Arcos, desta vez sob a batuta de Vítor Sobral. Em Algés, a reabilitação foi feita, depois de um concurso público, pela empresa Naipe de Emoções.

Há por ali já um palco montado, e o anúncio de eventos diversos. Mas com a casa sempre cheia, pelo menos neste arranque do negócio, não parece haver necessidade de complicar o gosto da comida com o barulho dos eventos.

Para já, o essencial da oferta gastronómica é conhecido. Há o Sushic, que se celebrizou em Almada (considerado em 2014 pelo TripAdvisor um dos melhores japoneses fora do Japão); o Chicken All Around, do recém estrelado (pela Michelin) chef Miguel Laffan (imagine-se comida alentejana, feita num conceituado hotel de Montemor-o-Novo, o L’And Vineyards, enaltecida pelo Guia Michelin), a servir frangos assados, num conceito inaugurado já no Mercado da Ribeira (diz-se que valem pelos seus molhos: piri piri; tandoori, thai, barbecue, chimichurri e jamaican); o Atalho do Mercado (cuja carne, tratada desde a importação até ao prato por eles, fez furor no Mercado de Campo de Ourique, e depois no Principe Real), que traz também o Atalho Burger;  o Mister Pig (Leitão da Bairrada); o Walkemole (pratos mexicanos); o Peixe Ó Balcão (peixe fresco, da responsabilidade da Taberna ao Balcão, de Santarém); a Banca do Petisco (petiscos tradicionais); NaTábua (alheira de caça, javali e carne de cavalo); Pizza 2 (pizzas às fatias); os gelados da Artisani e da Weel; e bebidas (ao lado de cervejas, gins, etc., sobressaem os vinhos do Esporão).

O que me pareceu irresistível foi a carne do Atalho do Mercado, tanto a de vaca, como as costeletas de borrego. Como aqui não se permitem misturas, foi preciso ir buscar as bebidas a um balcão próprio (diz-se que as servem à mesa, mas não dei por nada), recaindo naturalmente a escolha pela oferta mais em evidência: um Esporão. E finalmente, na sobremesa, em vez do Yogurte dos gelados Weel, preferi optar pelo dos Artisani, conjugados com outro sabor. Não consigo entender o conceito gourmet que nos obriga a andar em pé de tabuleiro na mão, à procura de comida e de lugar. Para mim, portanto, não será uma solução frequente. Mas devo admitir que tudo esteve bom e saboroso, desde o ambiente festivo aos produtos servidos, passando pela boa confecção.

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