Oh captain, my captain

Entrevista a Paul McGinley

É uma lenda da Ryder Cup. Em seis participações, Paul McGinley trouxe sempre a taça para a Europa. Primeiro, em 2002, 2004 e 2006, como jogador. Depois, em 2010 e 2012 como vice-capitão respetivamente de Colin Montgomerie e Jose Maria Olazabal, e, já este ano, como capitão.

McGinley é o único europeu a somar por vitórias as presenças na Ryder Cup, e logo na estreia, no The Belfry, entrou para o imaginário do golfe ao meter o putt da vitória.

Mas nada disso para importar, para quem o vê no campo de golfe. Recentemente, no Portugal Masters, onde terminou a época, Paul era recebido nos greens – em todos os greens – com aplausos, vivas e até cânticos.

Quando acabava a volta, era rodeado por fãs de todas as idades. Pediam autógrafos. Queriam uma ‘selfie’. Apenas conversar… A todos, McGinley respondia com um sorriso franco e aberto. Com todos, McGinley demorava-se, com um velho amigo.

“As pessoas têm sido muito simpáticas. Todos se sentem parte da vitória, e na verdade a vitória é também deles. Todos na Europa devem sentir-se parte da vitória, e muito orgulhosos da equipa”, disse McGinley à GOLFE.

O capitão, como todos o chamam agora, caminha pelo campo com uma modéstia sincera. Nem os elogios de todos os quadrantes o fazem mudar a postura. Os jogadores, desfizeram-se em adjetivos para caraterizar a liderança de McGinley em Gleneagles. “É simpático dizerem isso. Que eu fiz as coisas de maneira diferente. Mas no final foram eles, os jogadores, que fizeram a diferença. Todos fomos enormes, e juntos fomos uma grande equipa.”

É verdade que a Europa era “ligeiramente” favorita, mas mesmo assim tinha pela frente uns Estados Unidos muito fortes. “Por isso tivemos que jogar muito bem para ganhar”, recorda, sentado no balneário do Oceânico Vitória.

Para chegar até ali. Para percorrer aqueles 20 metros, que separam o gabinete do European Tour para a entrega e validação de cartões e os balneários, o ‘capitão’ levou 30 minutos, à chuva. Tirou fotos. Deu autógrafos. Riu. Falou. Voltou a tirar fotos…

“Tem sido maravilhoso. É uma grande honra e também responsabilidade fazer parte disto”.

E é disto, de fazer parte de algo maior que ele próprio que McGinley gosta. Começou a jogar golfe com 12 anos, pela mão do pai. “Era bom jogador, tinha handicap de um digito”, recorda.

Paul adorou o desporto, mas era no futebol gaélico que se sentia mais à vontade, até que aos 19 anos – com uma carreira promissora pela frente – partiu um joelho, e foi obrigado a retirar-se. “Sempre gostei de desportos de equipa, talvez por isso tenha tido tanto sucesso na Ryder Cup e a Ryder Cup tenha sido tão ‘simpática’ para mim.”

Competitivo por natureza, Paul virou-se então para o golfe. Nessa altura já tinha um handicap 7, e o principal problema era mesmo o fato do golfe ser… individual.

Talvez por isso, tirando aquelas épocas brilhantes de 2001 e 2005, em que terminou a Race to Dubai em oitavo e terceiro lugar respetivamente, McGinley tem-se destacado sempre nos torneios por equipas. Além da Ryder, venceu a o Seve Trophy, o Word Cup e o Royal Cup.

E por tudo isso, já ganhou um lugar entre as lendas do golfe… pelo menos deste lado do Atlântico.  

 

Artigo escrito por Márcio Berenguer ao abrigo da parceria entre a Revista GOLFE Portugal & Islands com o Jornal SOL.