Provavelmente, resulta mesmo. Provavelmente, os líderes Sírios, Iraquianos e outros que tais já estão a ponderar acabar com as guerras, fomes e ditaduras porque os portugueses estão muito tristes no Facebook. – General, cague nessa bomba que ia largar para cima de mais inocentes! O problema é que a plebe está toda a meter-se em barquinhos para sair daqui e os portugueses já estão tão arreliados com essa merda que estão a partilhar bué fotos, não aguento mais! – Deve ser isto que está a acontecer.
Até podia pôr em causa as vossas intenções, até porque de boas intenções já está o Facebook cheio, mas tenho a certeza que por trás de cada partilha feita de uma imagem brutalmente horrorosa de uma criança morta, há uma doação financeira para uma das instituições de apoio aos refugiados, certo? Claro que sim. Longe de mim pensar que a maioria das pessoas (não todas, claro) está só a fazê-lo por altruísmo bacoco – olhem para mim tão boa pessoa e tão preocupado. Não pode ser isso! Claro que não. Aliás, alguns dos que partilharam, a seguir não continuaram a fazer scroll down à espera de likes motivacionais e foram logo para a Grécia, Sérvia e Hungria voluntariar-se para ajudar! Assim sim, vale a pena.
Caso eu esteja redondamente enganado e as partilhas só tenham servido para vos aplacar um pouco o facto de – SURPRESA – este mundo estar cheio de merdas horríveis e inimagináveis e que se passam fora das redes sociais, vamos fazer alguma coisa.
Querem respeitar aquela criança? Não mostrem mais aquela imagem porque ele não merece que seja a última recordação que o mundo tem dele. Querem ser boas pessoas sem terem que fingir para o mundo que o são? Ajudem.
Têm aqui um site com uma série de ajudas práticas (doar dinheiro e outras) e que podem realmente fazer a diferença.
Actuem. E depois podem mostrar, ou não, aos outros que o fizeram. Mas não fiquem sentados a fingir que são seres humanos bonitos.