O MP "finalmente começa a mostrar o que sempre dissemos: este processo não tem sentido, razão séria, não há factos, não há provas e ao fim de nove meses não há acusação", disse João Araújo, numa conferência de imprensa, num hotel de Lisboa, convocada pela defesa do antigo líder do PS depois de, na sexta-feira, o ex-primeiro ter deixado a prisão de Évora e ficado, por proposta do Ministério Público (MP), em prisão domiciliária, sem pulseira eletrónica.
João Araújo esclareceu também que o seu cliente pode falar com a imprensa quando quiser e que não tem "quaisquer restrições" para responder aos jornalistas. "Ultrapassaram-se todos os prazos da decência (…) este é um país que está doente, esqueceu a liberdade", acrescentou.
Pedro Delile, também advogado de José Sócrates e igualmente presente na conferência de imprensa, disse estar convencido de que o final deste processo será o arquivamento.
"Espero que tenha razões para estar convencido de que não vai haver acusação (..) porque acredito na justiça. Foram dois anos e dois meses de devassa pessoal e profissional da vida do engenheiro Sócrates", afirmou.
José Sócrates voltou a casa na sexta-feira, após nove meses e meio de prisão, no âmbito da chamada "Operação Marquês", embora continue detido, só que agora em prisão domiciliária.
A decisão de alterar as medidas de coação do antigo primeiro-ministro, o único dos arguidos da "Operação Marquês" que ainda estava na cadeia, foi tomada pelo Tribunal da Comarca de Lisboa, na sequência de uma diligência nesse sentido do Ministério Público, e foi tornada pública ao fim da tarde de sexta-feira.
Esta alteração foi considerada "insuficiente" pelo advogado do antigo primeiro-ministro, que já anunciou ir recorrer da decisão.
Lusa/SOL