Mas não se pense que foi pelas mordomias da cela e pela comida gratuita, ou por estar arrependido dos factos que levaram à sua prisão. Segundo o Sydney Morning Herald, Filep quer um perdão total e um reconhecimento de que não cometeu qualquer crime, e rejeita ter de se apresentar depois às autoridades ou ser forçado a questões/interrogatórios ocasionais e aleatórios sobre as suas atividades diárias.
Karma, de 56 anos, luta há várias décadas pela independência da Papua Ocidental, região anexada pela Indonésia e dividida entretanto em duas províncias. Esses territórios ocupam metade de uma ilha que tem do outro lado a Papua Nova Guiné, um país livre.
Em 2004, Filep Karma foi detido enquanto participava numa cerimónia independentista em Jayapura, uma das principais cidades da ilha. Foi acusado de traição pelas autoridades indonésias por hastear a bandeira ‘Estrela da manhã’, da Papua Ocidental, proibida pelo regime. A bandeira só pode ser erguida na região se a oficial da Indonésia estiver presente também e numa posição mais elevada.
Segundo fontes contatadas pelo Sydney Morning Herald, Filep Karma terá sido aconselhado por outros ativistas a permanecer na prisão de forma a atrair mais atenção mediática para a causa independentista. No entanto, outras fontes, solidárias também com a causa, entendem que o líder deveria sair em liberdade, para estar mais próximo da realidade das populações.
Condenado a 15 anos de prisão – sentença que termina apenas em 2019 – Karma, que é católico, foi autorizado a sair algum tempo da cadeia de Abepura em Novembro do ano passado, para o casamento da sua filha, podendo levá-la ao altar.