Em comunicado, o supervisor bancário confirma que “optou por interromper o processo de venda” do banco de transição e concluir “o procedimento em curso sem aceitar qualquer das três propostas vinculativas”.
Assim, a primeira tentativa de venda do Novo Banco fracassa nove meses e onze dias após o lançamento do concurso.
O governador põe a tónica na baixa atratividade das ofertas, argumentando que “os termos e as condições das três propostas vinculativas [Anbang, Fosun e Apollo] não são satisfatórios e que o processo foi condicionado por importantes fatores de incerteza”.
“Nenhuma daquelas três propostas vinculativas apresentava condições adequadas em matéria de preço e de risco para o Fundo de Resolução”, justifica.
Ainda assim, Carlos Costa salienta que este processo, iniciado a 4 de dezembro, atestou “inequivocamente a existência de sério interesse na aquisição” do Novo Banco.
Desta forma, o supervisor tem a intenção de retomar o processo de venda quando forem eliminados esses "fatores de incerteza" e, mais concretamente, depois de ser “conhecido o nível de adequação de fundos próprios determinado pelo BCE para cada uma das instituições de crédito significativas da União Bancária”.
A incógnita quanto aos resultados dos testes de stresse e da avaliação de ativos do Novo Banco que o BCE está a fazer é uma das principais razões a comprometer o sucesso do atual concurso. Sem uma noção exata de quanto será necessário injetar na instituição, as reservas dos compradores tornaram-se evidentes.
Supervisor elogia e reconduz Eduardo Stock da Cunha
O supervisor aproveita a ocasião para lançar um elogio público à administração do Novo Banco, liderada por Eduardo Stock da Cunha, e garantir que os atuais gestores serão reconduzidos.
Carlos Costa garante ainda que o adiamento da venda do Novo Banco não terá impacto na atividade da instituição.
“O Novo Banco prosseguirá a sua atividade em plena normalidade e sem perturbações e o mandato do órgão de administração do Novo Banco, a quem se reconhece o mérito pelo reconhecido progresso observado nos últimos meses, será reforçado com vista a serem promovidas as iniciativas necessárias para fortalecer ainda mais a solidez do banco e para o desenvolvimento do seu negócio”.
O Novo Banco tem vindo a registar melhorias na sua atividade. Face ao início de atividade em 4 de agosto de 2014, o Novo Banco conseguiu captar depósitos de clientes no montante de 4,3 mil milhões de euros. No entanto, no mesmo período acumulou prejuízos de 750 milhões de euros.
Um dos indicadores que preocupa os futuros acionistas é o nível do capital próprio do Novo Banco (5.010 milhões) estar já muito próximo do valor injetado no banco quando foi criado (capital social de 4.900 milhões). O desempenho da instituição continuará a ser condicionado pela evolução da economia portuguesa, mas sobretudo pelos efeitos da medida de resolução.
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