O mediático ex-ministro das Finanças grego considerou em comunicado que o objetivo do escrutínio consiste, por um lado, "em eliminar o valente 'Não' de 62% do povo em troca de programas de resgate humilhantes e ineficazes" e, por outro, "legitimar a capitulação" decorrente da assinatura do terceiro plano de resgate.
O ex-primeiro-ministro Alexis Tsipras anunciou a demissão em 20 de agosto e a convocação de eleições antecipadas após acordar com os credores o terceiro programa de resgate.
A aprovação deste plano no parlamento motivou uma cisão no Syriza e o anúncio do Unidade Popular (Laiki Enotita — LAE), que defende a rejeição das políticas de austeridade e a saída da zona euro.
No início da campanha, Varoufakis afirmou não ter a intenção de concorrer por qualquer partido e manifestou a intenção de formar uma frente europeia anti-austeridade.
O economista apelou à população para votar nos partidos, com exceção da extrema-direita da Aurora Dourada, "que rejeitam a lógica, segundo a qual a perspetiva europeia da Grécia depende da 'melhor aplicação possível' do terceiro plano de resgate".
"O terceiro plano de resgate é totalmente insustentável e, o pior, retira a qualquer Governo grego, por muito que o não queira, as ferramentas para lutar contra a oligarquia e a crise autoalimentada", sublinhou.
O ex-ministro explicou que o programa mantém a obrigação de alcançar um 'superavit' primário muito alto (3,5% para 2018) e obriga o executivo a solicitar a aprovação dos credores para todas as decisões que pretenda aplicar.
Varoufakis precisa ainda que este acordo coloca o departamento de combate à evasão fiscal (SDOE) sob o controlo da Direção-geral dos Impostos, que na sua perspetiva está controlada pelos credores.
Varoufakis foi ministro das Finanças do Governo de Tsipras e dirigiu as negociações com os credores até ao referendo de 5 de julho sobre a proposta de acordo apresentada pelas instituições (UE e FMI).
No dia seguinte à categórica vitória do "Não" (63%), Varoufakis apresentou a demissão com o argumento de permitir ao Governo a garantia de um acordo com os credores.
Enquanto exerceu a pasta das Finanças, Varoufakis disse que nunca assinaria um acordo com os credores que incluísse medidas de recessão.
Lusa/SOL